O Concelho de Gondomar,
junto do Porto tem, desde tempos imemoriais uma relação muito estreita com o rio Douro. É que este banha as freguesias
de Valbom, Jovim, Foz do Sousa, Medas Melres e Lomba .
A importância da pesca
nesta região vem de tempos longínquos - Os Fenícios comercializavam o peixe
salgado e os Romanos, a partir do séc. I
I, a conserva de peixe - garum.
Segundo Estrabão, já os
Romanos navegaram intensamente o rio Douro, mas é na Idade Média e Moderna que
mais se dinamiza a vida económica.
A povoação piscatória de Valbom,
apesar de hoje estar decadente, apresenta, mesmo, grande importância
desde a Idade Média e ainda no século XIX integra frotas de pescadores de alto.
Praia da Ribeira da Abade
Rio Douro com os diferentes
barcos
O rio Douro foi sempre um rio de
difícil navegação dado as regiões montanhosas que atravessa e as variações de
caudal nas diferentes estações do ano. Assim se adapta a arquitetura dos
barcos às regiões nas quais navegam.
Entre o Porto e Crestuma são frequentes os barcos de pá, com fundo estreito de tábuas sobrepostas, bordos altos e bico agressivo adaptados ao troço sem acidentes dignos de nota. É caso do Valboeiro.
Entre Crestuma e Entre-os-Rios, onde existem alguns acidentes, o fundo do barco alarga-se, proporcionando melhor maneabilidade e adoptando a espadela. É o caso dos Rabões utilizados na exploração da areia
Entre o Porto e Crestuma são frequentes os barcos de pá, com fundo estreito de tábuas sobrepostas, bordos altos e bico agressivo adaptados ao troço sem acidentes dignos de nota. É caso do Valboeiro.
Entre Crestuma e Entre-os-Rios, onde existem alguns acidentes, o fundo do barco alarga-se, proporcionando melhor maneabilidade e adoptando a espadela. É o caso dos Rabões utilizados na exploração da areia
"Da Terra de Mallores a que agora chamam Melres", Santa Casa da Misericórdia
de Vera Cruz de Gondomar, 1997, p 51
O Rabão Branco foi posteriormente, também chamado de Negro quando passou a transportar carvão.
foto do Rabão negro, Octávio L.
Filgueiras, O Rabão da Esquadra Negra.
Os últimos barcos a navegar foram os que transportaram o carvão das Minas do
Pejão até à fábrica de briquetes no Esteiro de Campanhã - era a esquadra negra.
O Rabão tinha uma tripulação de quatro homens: um arrais com o leme a seu cargo
e função de comando; o feitor que substituía o arrais na sua ausência; o
cozinheiro e o marinheiro encarregado da cama onde se dormia em conjunto.
Normalmente, apresentando uma tonelagem de 50/60 toneladas, nos anos 60 de
1900, para fazer face à concorrência, chegou a atingir 70 e mais.
O Rabão embora diferente do Rabelo assemelha-se-lhe pela terminologia das peças.
Rabão no Esteio de Campanhã
O Rabão embora diferente do Rabelo assemelha-se-lhe pela terminologia das peças.
Rabão no Esteio de Campanhã
Junto a Pé de Moura, havia, ainda, os "saveiros" com coqueiro e até espadela.Transportava areia, gado, lenha, carqueija, carangueijo.
De Entre-os-Rios para montante são adotados barcos de formas ladeiras e boleadas para fazer face aos grandes acidentes de percurso. Nesta zona dominava o tipo "Rabelo".
O barco Rabelo é um barco de espadela - ramo que governa o
barco e está sujeito a um eixo tornel.Possui, ainda, dois remos de cada lado e fundo chato - o sagro - constituído
por um número ímpar de tábuas. Tem forma lenticular.
Há autores que defendem a sua origem Sueva, outros Visigótica ou até Viking.
Transportava vinho, lenha, madeira, carvão, fruta, palha, batata e outras mercadorias.
A vida a bordo do Rabelo era árdua e trabalhosa, existindo, então, uma espécie de hierarquia de comando. Para um barco de50 a 60 pipas, a tripulação era constituída por
treze pessoas ordenadas do seguinte modo: arrais, feitor da proa, feitor da
espadela, braceador, moço, 1º, 2º, 3º e 4º cabresteiro, vinhateiro, ponteador
da pá-dos-dois, ponteador da pá-dos-três e ponteador da pá-da-ré.
A confecção da comida estava a cargo do moço e do vinhateiro que, também, zelava pelo vinho e pelos víveres da chileira.
Grande parte das refeições eram à base do caldo e do peixe pescado pelos próprios além de pão e vinho.
Ao longo da navegação, nalgumas regiões, o barco Rabelo tinha que ser puxado à Sirga. Com uma buzina, búzio ou corno, os tripulantes do barco chamavam os bois que os lavradores costumavam alugar para puxar o barco - é a navegação à Sirga.
Os perigos de rápidos, pontos ou golas levava os marinheiros a assinalá-los com santos aos quais pediam a protecção. Transportavam, também, por vezes, uma caixa com as "Alminhas" do barco, onde depositavam a sua esmola. p
Há autores que defendem a sua origem Sueva, outros Visigótica ou até Viking.
Transportava vinho, lenha, madeira, carvão, fruta, palha, batata e outras mercadorias.
A vida a bordo do Rabelo era árdua e trabalhosa, existindo, então, uma espécie de hierarquia de comando. Para um barco de
A confecção da comida estava a cargo do moço e do vinhateiro que, também, zelava pelo vinho e pelos víveres da chileira.
Grande parte das refeições eram à base do caldo e do peixe pescado pelos próprios além de pão e vinho.
Ao longo da navegação, nalgumas regiões, o barco Rabelo tinha que ser puxado à Sirga. Com uma buzina, búzio ou corno, os tripulantes do barco chamavam os bois que os lavradores costumavam alugar para puxar o barco - é a navegação à Sirga.
Os perigos de rápidos, pontos ou golas levava os marinheiros a assinalá-los com santos aos quais pediam a protecção. Transportavam, também, por vezes, uma caixa com as "Alminhas" do barco, onde depositavam a sua esmola. p
Porto desaparecido
Este
barco foi dos que mais inspirou os artistas gondomarenses que o reproduziram,
vezes sem conta, em filigrana.
Barco em filigrana - artesão José Martins França, 1990
O Valboeiro
Valboeiros -miniaturas
É governado através da pá. O fundo é constituído por uma única tábua - a cal - é completada por uma ou duas tábuas já inclinadas, os fundos.
Funciona como barco de pesca - o saveiro - barco de rio e mar ou barco de carga e transporte de passageiros.
Como saveiro era o barco utilizado na
pesca do sável, media cerca de 6,8 metros . Podia ser, todavia, utilizado,
também, como barco de carga. Adoptavam um sobrecéu quando se destinavam às
padeiras de Avintes ou ao passeio ao longo do rio. Como barcos de passagem para
a travessia entre Gondomar e Gaia, eram, por vezes, conduzidos pelas barqueiras
e mediam cerca de 7,5
metros . Neste caso o rebordo falso é calafetado e munido
de um resguardo para evitar a entrada da água. Podiam ter também coqueiro.
OS BARCOS DE PASSAGEM
Ó barqueiro traz cá o barco,
Traz também a
amarração....
Eu quero
atravessar
De Avintes para
Valbom!
Popular
"A Barca de Avintes", óleo s/tela de António Silva
Porto
(séc.XX col. Museu Nacional Soares dos Reias)
- o sobrecéu
(séc.XX col. Museu Nacional Soares dos Reias)
- o sobrecéu
As travessias em Pé-de-Moura, Esposade e Ribeira de Abade eram muito frequentes, ainda, no início, do século XXI.
Barco rabelo e rabão
Barcos do estuário do Douro
LEGISLAÇÃO SOBRE A PESCA
Em tempos medievais os Senhores
preocuparam-se em legislar sobre a cobrança de impostos sobre o pescado, como
pode ser exemplificado no Foral de
Gondomar. Só em 1843 vão ser substituídos
todos estes impostos de pesca devidos aos senhores pelo pagamento ao Estado de
6% dos lucros dos pescadores, que em 1928 passa para 8,3% do valor do pescado.
A preocupação de regrar a pesca vai,
também ser constante. Desde muito cedo são redigidas leis nesse sentido. Por exemplo
Os "Acordãos da Câmara do Porto" de 1560 e 1561 estabelecem o
tipo de malhas permitidas e proíbem certas redes ( mossas e covãos nos meses de Março a Maio excepto para os Sáveis, bogas
e tainhas e com redes varredouras: tresmalhos e galritos dobrados bem como proíbem a poluição das águas com trovisco,
barbasco, coca ou cal. No entanto a provar que a prevaricação é constante o Decreto de 16
de Setembro de 1886 volta a proibir os mesmos métodos e redes.
As penas consistiam em prisão de três
a trinta dias e correspondente multa.
MOSSA - pancada
COVÃOS - grande cova
TRESMALHO - rede de tres panos
para pescar
GALRITO - rede formada por um
saco
COCA - planta extraída da coca,
planta narcótica.
CAL - óxido de cácio
TROVISCO - subarbusto frequente nos
outeiros,charnecas e matos, tem flores cheirosas, dispostas em cachos
terminais, com pedúnculos e pedicelos branco-tomentosos.
BARBASCO - folhas da planta do
mesmo nome - barbasco, verbasco ou alecrim das paredes - planta medicinal com
flor amarela e sementes negras.
|
Quanto ao peixe pescado o Foral
de Gondomar refere a : Lampreia;
Sável: Solha e Irez (eiró - espécie
de enguia).
Hoje, ainda é possível pescar enguia, barbo; boga; escalo; tainha;
mugem, ruivaca, alguma lampreia
e sável;
Quanto
ao peixe pescado o Foral de Gondomar refere a : Lampreia; Sável: Solha e Irez (eiró - espécie de enguia).
Os Peixes?
Barbo - Barbus
Família - CYPRINIDAE
Alcança 90 cm . A secção transversal é
redonda, embora o ventre seja aplanado. tem uma boca ventral, lábios carnudos e
dois pares de bardilhos longos.
HABITAT:
Surge em rios de planície, de
corrente moderada e fundos arenosos ou de cascalho e é particularmente comum em represas. Alimenta-se
de invertebrados das profundidades, sobretudo larvas de insectos, vermes e
moluscos. Reproduz-se em fundos de cascalho no fim da Primavera.
Enguia - Anguilla
Família: ANGUILLIDAE
Alcança 1 m . A fêmea é maior do que o
macho. O maxilar inferior é saliente e as barbatanas dorsal, caudal e anal
fundi-das.
HABITAT:
Vivem em rios e lagos e
alimentam-se de larvas de insectos, crustáceos, e peixes mortos. São sobretudo
nocturnas. Podem ziguezaguear até uma certa distância fora de água.
Desova em Outubro e Novembro.
Boga - CHONDROSTOMA POLYLEPSIS
Pertence ao grupo dos peixes
Acanto-pterígios perciformes.
Família - ESPARÍDEOS
Género - CONDROSTOMA
Existe a boga do mar ou B. boops e
a boga do rio ou C. polylepsis.
Esta vive no fundo das águas e
alimenta-se de plantas e peixe miúdo. Multiplica-se prodigiosamente, desovando
em Maio e Junho por entre as ervas. Raramente excede os 20 cm .
Escalo - LEUCISCUS
Alcança 61 cm . Tem um corpo esbelto,
mas a cabeça e o dorso são largos. Apresenta escamas grandes e barbatana anal
arredondada.
HABITAT:
Encontra-se em rios, geralmente de
corrente moderada, e em grandes lagos. Alimenta-se de invertebrados aquáticos e
pequenos peixes.
Truta - SALMO GAIRDNERI
- SALMO TRUTTA - truta comum
Família - SALMONIDAAE
Alcança 140 cm e 60 kg . É de cor prateada, com
manchas negras e vermelhas, embora exista uma grande variedade morfológica
entre os diversos indivíduos.
No rio Douro vivia em caneiros,
como os de Avintes
SALMO GAIRDNERI - truta arco-íris
Tem um máximo de 70 cm e 70 kg . É semelhante à comum,
tem uma mancha purpúrea no dorso. Veio da América, no século XIX.
Resiste melhor do que a comum a
águas poluídas.
Existia no caneiro de Avintes.
Lampreia - LAMPETRA FLUVIALIS
A lampreia pertence aos
ciclóstomos, classe de vertebrados aquáticos, de forma cilindrica e oblonga, sem
escmas nem barbatanas pares. Possui esqueleto cartilagíneo e crãneo que
continua pela coluna vertebral. É uma das raras sobreviventes dos primitivos
vertebrados que se desenvolveram há cerca de 400 milhões de anos. Sendo cega,
caça pelo olfacto e tacto apurados. Na sua vida adulta é parasita de outros
peixes, sugando-lhes o sangue com a sua boca cicular. Alimenta-se, também de
restos de presas.
HABITAT.
Depois de viverem no Atlânctico
Norte durante 12 a
20 meses migram para os rios onde as fêmeas depositam cerca de 60 000 ovos que
serão fecundados e enterrados pelos machos que depois morrem.
Apenas 1% dos ovos dão origem a
larvas que depois de irem ao sabor da corrente se enterram no lodo
alimentando-se de seres microscópios durante 2 a 5 anos, findos os quais se
dirigem ao mar para regressarem de novo ao rio para desovarem.
A lampreia era mais procurada de Janeiro a Maio, antes de desovar, já que
acredita-se que é mais saborosa, nesta altura e
quanto mais longe da foz for pescada.
No entanto, a lampreia, valor
cultural gastronómico sofre, hoje o impacto da poluição e da alteração das
condições que beneficiava antes da construção das barragens. É urgente
reflectir se em prol da gastronomia se põe em perigo a presrvação desta
espécie.
Sável - CLUPEA ALOSA
É um peixe de corpo grande, alto e
comprido lateralmente, coberto de
escamas grandes e arredonadas, com numerosas estrias finíssimas.
Habitat:
Foi comum desde o Minho ao Tejo.
Aproxima-se as nossas costas marítimas no fim do Inverno e inicia a subida dos
rios a fim de desovar (Junho a Agosto).
As fêmeas depois deste acto morrem em grande número. No início do inverno, os
pequenos sáveis regressam ao mar.
Savelha - CLUPEA FINTA
Aparece com o sável. Apresenta
dimensões mais diminutas.
Encontram-se, também:
Solha - FLESUA VULGARIS
Entra no rio e não encontrando
obstáculos sobe até grande distãncia.
Desova todo o ano, embora atinja
maior desovação de março a maio, no fundo dos rios
Tainha - MUGIL CAPITO
Vive no mar, mas também se encontra
no rio.
desova em outubro e Novembro. A
época de maior pesacria é de Novembro a Janeiro.
Redes de pesca
Muge - MUGIL AURATUS
A lampreia podia-se pescar com :
- o Alar - Rede triangular bastante comprida. É fixa na areia por uma
vara de pinheiro com o vértice em oposição à corrente da água. Na extremidade
possui uma "naça", ou armadilha. Retem cerca de 40 a 50 lampreias. É utilizado
na pesca da Lampreia
- Camaroeiro ou conchinha - Compõe-se por um saco de rede, pano
rectangular com costuras laterais, que se prende a um arco em madeira ou ferro, que por sua vez está ligado
a um cabo
É utilizado para espécies que se
encontram em grupos. sável, lampreia; savelha
- Tresmalho ou Vanda - Redes de três panos sobrepostos tendo cada um a forma rectangular - a rede mais larga fica por fora e a amis fina por dentro. As malhas têm todas a forma quadrada, com l= c. 0,07 no pano ou rede ao centro e de c. de 0,28m nas albitâneas ( panos dos lados). São empregadas por todo o rio Douro deixando-as andar com a maré acompanhadas pelo barco.
- Tresmalho ou Vanda - Redes de três panos sobrepostos tendo cada um a forma rectangular - a rede mais larga fica por fora e a amis fina por dentro. As malhas têm todas a forma quadrada, com l= c. 0,07 no pano ou rede ao centro e de c. de 0,28m nas albitâneas ( panos dos lados). São empregadas por todo o rio Douro deixando-as andar com a maré acompanhadas pelo barco.
É utilizado para o sável, lampreia;
savelha
- Varga, varina ou Barga - Rede de arrasto de linho.Têm um único pano de emalhar e
grande cortiçada na tralha superior e a inferior liga-se ao lastro que é feito
de poucos pedaços de barro vermelho ou lousa chamados bolos - são usadas na
costa e dentro do rio sempre a arrastarem do mar para a terra para o que tem
cordas amarradas às forcadas
É utilizado para o sável, savelha,
solha .
Espinhela - Para a lançar começa-se por enterrar, perto da margem,
uma estaca, com c. de meio metro onde se amarra uma corda. Na outra extremidade
prende-se com um fio 1 pedra com c. de
500g que é para assentar no fundo. Esta
é atirada ao rio esticando a corda. A linha com c. 200m tem um anzol de 10 em
10 e isca-se com minhoca, camarão ou sardinha. No final deste aparelho
amarra-se um bóia para saber onde ficou .
É usada para peixes de tamanho
médio - enguia, robalo e tainha.
É usada, ainda a Cana para peixes
pequenos.
Ao longo do rio, em determinados
pontos eram colocadas pesqueiras - estratagemas
para pescar.
Redes
|
Características
|
Pesca
|
Alar
|
Rede triangular bastante
comprida. É fixa na areia por uma vara de pinheiro com o vértice em oposição
à corrente da água. Na extremidade possui uma "naça", ou armadilha.
Retem cerca de
|
Lampreia
|
Camaroeira ou de conchinha
|
Compõe-se por um saco de rede,
pano rectangular com costuras laterais, que se prende a um arco em
madeira ou ferro, que por sua vez está
ligado a um cabo.
|
Espécies que se encontram em
grupos. sável, lampreia; savelha
|
Chumbeira
|
Rede de malha larga disposta em
cone, de cujo vértice sai a corda que é enrolada no braço esquerdo de
quem a vai lançar. Tem na base
chumbos esféricos. lança-se em movimento rotativo tendo antes dividido o seu
perímetro em duas partes, uma que fica sobre o braço esquerdo e outra
pendente pronta para ser atirada. Os chmbos do meio são segurados na boca.
|
Não é utilizada para peixe miúdo.
|
Chincha
|
Têm boias de cortiça e em baixo
pedras de lousa ou barro e que serve para arrastar a criação - toda a
qualidade de peixe. É proibida porque destruidora.
|
Todo o tipo de peixe
|
Tresmalhos ou vandas
|
Redes de três panos sobrepostos
tendo cada um a forma rectangular - a rede mais larga fica por fora e a amis
fina por dentro. As malhas têm todas a forma quadrada, com l= c. 0,07 no pano
ou rede ao centro e de c. de 0,28m nas albitâneas ( panos dos lados). São
empregadas por todo o rio Douro deixando-as andar com a maré acompanhadas
pelo barco.
|
Sável, lampreia; savelha
|
Solheiros ou faticeiras
|
Redes feitas do ticum aproveitado
das lampreiros
usados. pescam no fundo. São
deixados na baixa mar e recolhem-se na praia mar.
|
Solha; savelha...
|
Branqueiras
|
São semelhantes aos lampreeiros
mas de fio
bastante mais grosso. usam-se só
junto á costa.
|
|
Varga ou Varina
"Barga"
|
Rede de arrasto de linho.Têm um único pano de
emalhar e grande cortiçada na
tralha superior e a inferior liga-se ao lastro que é feito de poucos pedaços
de barro vermelho ou lousa chamados bolos - são usadas na costa e dentro do
rio sempre a arrastarem
do mar para a terra para o que
tem cordas amarradas às forcadas
|
Sável, savelha, solha ..
|
Saval
|
Rede de tresmalho ou seja 3 panos
sobrepostos também de emalhar.
|
Tipos de fisga –usada na lampreia
Rabelos
|
Barcos
|
do Douro
|
||
Barquinhas
|
da Ribeira
|
|||
Formas eventuais
|
Barcas
|
|||
de apégadas
|
||||
BARCOS DE
|
Rabões
|
de rabo baixo
|
||
ESPADELA
|
Barquinhos
|
BARCOS
|
||
Formas hídridas
|
Rabão Branco- R. Carvoeiro
|
DE
|
||
Saveiro c/ coqueiro e espadela
|
RIO
|
|||
Barcos de frete
|
||||
de carga ou passageiros
|
Barcos das padeiras
|
|||
BARCOS
|
Valboeiros
|
Barcas
|
||
DE PÁ
|
BARCO DE
|
|||
de pesca
|
Saveiro
|
RIO E MAR
|
||
PESCA DA LAMPREIA
Após a captura, as lampreias eram
colocadas em caixas de madeira, em forma rectangular com buracos por onde
penetrava a água. Eram fechadas a cadeado.
No barco, à pesca iam duas pessoas -
normalmente duas mulheres. O homem segurava a corda na praia.
Findo o lanço, uma das mulheres
saltava para terra para puxar pela outra corda - corda do toro - e amarrava-a a
uma estaca de madeira a cerca de 50m do rio.
A rede ia-se distendendo e
endireitando com a corrente do Douro. Era puxada em parceria - "mano a
mano". Quando havia grande pescaria eram chamados todos os que estivessem
na praia (Em Melres as crianças que vulgarmente aí pastoreavam o gado).
Em Zebreiros, na Foz do Sousa, a
lampreia ainda há pouco tempo era pescada a arpão por entre as pedras do rio.
RIO
|
PEIXES
|
Douro
|
Lampreias; sável, enguia; barbo;
boga; escalo; tainha; muje; ruivaca.
|
Sousa
|
Boga, escalo; enguia e truta
Mexilhões; sanguessugas; cágados
a que o povo chama sapos conchos.
|
Ferreira
|
Boga, escalo; enguia e truta (
mais do que em qq. outro rio)
|
Tinto
Torto
Marecos
|
Boga; escalo e enguia
|
Aguiar
|
Não há peixe
|
Gramido
Aboinha
restantes
|
Enguia; escalo; boga; truta;
ruivaca.
|
A
praia da Foz do Sousa, principalmente no sítio chamado moinho do verdugo é
um excelente pesqueiro para a pesca do sável.
Em
Zebreiros - ainda existem as pedras das antigas pesqueiras - servem de balizas
à tradicional corrida dos barcos por ocasião do S. Jorge.
O
sável deve ser pescado no rio e as redes puxadas pela areia fora para que o
batimento do peixe em agonia o liberte do sangue - torna-se assim mais
saboroso.
Pesca do sável em Valbom
Pesca do sável, em Rio Mau.
Freguesia
|
Peixes
|
Época
|
Obs.
|
Covelo (rio Sousa)
|
- barbo, escalo; bogas;
lampreia;
sável;
- lampreia; truta; peixe do mar
savelha;
peixe do mar
- barbo; boga muje; escalo;
enguia; truta
|
todo ano
Abril a Maio
Janeiro a Junho
todo o ano
|
Memórias Paroquiais
(pescarias livres)
Pinho Leal
Monografia* a)
|
Fânzeres ( rio da Varzea
"Barge")
|
- reixelos e enguias
|
À cana ou anzol
Monografia
|
|
Foz do Sousa
|
- barbo, escalo; bogas;
lampreia;
- Boga, escalo; enguia e truta
eirós; mexilhões;
sanguessugas; cágados
(sapos conchos)
|
todo ano
Março a Abril
|
Memórias Paroquiais
(pescarias livres)
Monografia
|
Lomba
|
- barbo; boga; muje; escalo;
lampreia;
sável
|
todo ano
Janeiro a Abril
Março a Junho
|
Memórias Paroquiais
(pescarias livres)
|
Medas
|
- barbo, escalo; bogas;
muje;
lampreia;
sável;
- enguia; eirós; lampreia;
ruivaca; salmão (raro);
solha; sável; savelha;
tainha,
camarão bruxo; camarão
branco e truta.
|
Janeiro a Abril
Março a Junho
|
Memórias Paroquiais
(pescarias livres)
Monografia
|
Melres
|
- barbo, escalo; bogas;
muje;
lampreia; sável;
|
todo o ano
Fev a Junho
|
Memórias Paroquiais
(pescarias livres)
|
Rio Tinto (rio tinto e ribeiros)
|
- escalo e boga
- escalo; boga e enguia
|
Memórias Paroquiais
Monografia
|
|
S. P. da Cova
(Rio Ferreira)
|
- barbo; boga
- truta; barbo; boga;
escalo;
enguia
|
todo o ano
|
Memórias Paroquiais
Coca; troviscada e redes
( é senhor o Bispo do Porto -
pescarias livres)
Monografia
|
Valbom
|
sável; lampreia
solha; linguado; muje; savelha,
enguia; barbo.
sável; lampreia; enguia; barbo; boga; escalo; tainha; muje;
ruivaca.
|
Fev a Junho
todo o ano
|
Memórias Paroquiais* b)
(pescarias sujeitas a imposto)
Monografia
|
* a) O uso de perrexil, dinamite e carboneto
de cálcio e a falta de fiscalização no tempo da desova tem diminuído a antiga
abundância. Antigamnete pescava-se muita lampreia nos caneiros dos açudes tanto
que alguns prazos impunham-nas como foro; hoje tudo isso terminou a montante da
Companhia das Águas cujo açude elas não sobem.
Nas pesqueiras
do rio Douro apanhavam os habitantes de leverinho muita lampreia e sável, sendo
este último objecto de foro, com o valor de 140réis em prata, em 1767.
Actualmente os pescadores são da Lixa" OLIVEIRA, Camilo, monografia, vol
II , p332
b) " Como o Rio Douro nos limites desta
freguesia forma um areal grande que principia na paraje das pedras da
lavandeira athé o lugar de ribeira de abbade adonde fica commodo, par arrastar
as redes no tempo asima referido da pescaria dos sabeis e lampreas; só os
moradores desta freguezia de valbom podem no dito areal pescar, pofrem de tudo,
oque pescão ( excepto um peixe cada dia, que hé para a caldeirada) pagão o
dízimo de des peixes hum, para a Igreija, que pertence ao Abbade desta
freguezia, e do mais peixe, què fica aos pescadores pagão a renda chamada o
Condado, que hé para o senhor do areal, que na ponta de sima que fica ao
nascente, hé Pedro Correa Pinto de Azevedo, e recada de sinco peixes hum. E no
meio do areal pertence ao marques de Fontes, e recada de mão de sinco e mão de
seis hum peixe, e na ponta de baixo do dito areal, pagão os pescadores de sinco
peixes hum, de que pertence duas a Martim
Affonço de mello, asistente na cidade do Porto, e outra parte, aos
Conigos da Collegiada de cedofeita extra muros da cidade do porto; e todo este
peixe pagão os pescadores ao sahir da rede da rede em terra; e todo o mais
peixe que fica livre destes tributos lho não deixão vender nesta freguezia,
pois com vigias, e gravissimas penas os obrigão, a leva lo a praça da ribeira
da cidade do porto; e pagão o tibuto da banca que hé de des peixes hum para Sua
Magestade. E pello meio do rio Douro no tal tempo se pesca livremente com huas
redes, que se chmão Tresmalhos, e não sahem a terra, e só pagão os pescadores o
Dizimo a freguezia adonde fogeão, e a Banca na cidade do Porto." OLIVEIRA, Camilo, Monografia, vol II , Memórias paroquiais p 194/5
PESQUEIRAS
As pesqueiras designam armações de
pesca no rio
N o Portugaliae Monumenta Historica
consta um contrato de venda da quarta parte de um prédio, sito na
"vila" de Zebreiros, e de parte de certa piscina ( pesqueira) da
margem do mesmo rio que se contem numa carta autógrafa pertencente ao Mosteiro
de Morena, escrito em latim bárbaro com a data de 1070 reconhece que Concita
filha de Soares vende a Gonçalves guterres e sua esposa, além de terras
lavradas, bravias e montes, " as rações que nestas pescarias tem no
Douro" cit in OLIVEIRA, Camilo, Apontamentos Monográficos, vol. p. 450.
Em Valbom havia pesqueiras na
Lavandeira, na Perlonga e na quinta da Vinha.
As pesqueiras da Lavandeira e
Perlonga foram vendidas à Igreja de valbom por Pantaleão Pinto e incluídas no respectivo tombo pelo Abade
Jerónimo Luís Sol.
No entanto o senhor da Quinta das
sete Capelas, Paulo Correia Pinto de Azevedo reivindicou a pesqueira da
Lavandeira, no tempo do abade Manuel da Silva Magalhães e ganhou a demanda. É
que a Quinta das Sete capelas pertença dos Correia Montenegros foi construída
em 1554 por Miguel Correia Moontenegro e tinha o privilégio de ninguèm poder
pesxccar na metade do rio que lhe pertencia.
A pesqueira do Casal da Vinha foi
demolida no final do século passado, apesar de Abílio Martins de Aguiar
enfiteuta daquela quinta ter conseguido a assinatura dos mestres das lanchas
sediados em Valbom e de mais duas centenas de habitantes que subscreveram uma
representação dirigida a D. Carlos em 6 de Março de 1890 pedindo a suspensão
daquela decisão.
COMUNIDADE PISCATÓRIA
MAPA DAS EMBARCAÇÕES DA PESCA E
TRIPULANTES DE VALBOM
Ano
|
Tipo de pesca
|
nº e tipo de barco
|
tripulantes
|
1888
|
Pesca do alto
|
8 lanchas
|
222
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pesca costeira e fluvial
|
150 barcos
|
300
|
MAPA DA IMPORTÂNCIA DA PESCA NOS
PORTOS DO DEPARTAMENTO MARÍTIMO DO NORTE
Ano
|
Local
|
Embarcações
|
Pessoas
|
Kg pescado
|
Pessoas
|
1886
|
Valbom
|
158
|
522
|
280000
|
237666$590
|
1886
|
Gondomar
|
213
|
Função da embarcação
|
Nº
|
Transporte de passageiros e pesca
|
41
|
Pesca do sável
|
47
|
Uso particular
|
2
|
O mesmo Mapa da importância da
pesca nos portos do Departamento marítimo do Norte de 1886 refere a Póvoa de
varzim como 1º estância de pesca logo seguida de Valbom.
Em 1935 já estava decadente.
As lanchas já tinham desaparecido,
tendo alguns pescadores emigrado para o Brasil.
As lanchas foram substituídas pelas
Catraias para a pesca da sardinha e depois pelas Traineiras. Em 1935 já
estavam em vias de desaparecimento
NOBRE, Augusto Pereira, Fauna
marinha de Portugal cit in Oliveira, Camilo, vol Iv, p. 199