terça-feira, 4 de julho de 2017

PESCA EM GONDOMAR




                                                      Pesca na Idade Média

O Concelho de Gondomar, junto do Porto tem, desde tempos imemoriais uma relação muito estreita com  o rio Douro. É que este banha as freguesias de Valbom, Jovim, Foz do Sousa, Medas Melres e Lomba .

A importância da pesca nesta região vem de tempos longínquos - Os Fenícios comercializavam o peixe salgado e os Romanos,  a partir do séc. I I,  a conserva de peixe -  garum.
Segundo Estrabão, já os Romanos navegaram intensamente o rio Douro, mas é na Idade Média e Moderna que mais se dinamiza a vida económica.
 Com efeito, o Foral de Gondomar  faz referência  à importância deste rio quer a nível da pesca quer  como via de comunicação.
A povoação piscatória de Valbom, apesar de hoje estar decadente,  apresenta, mesmo, grande importância desde a Idade Média e ainda no século XIX integra frotas de pescadores de alto.


                                                     Praia da Ribeira da Abade


   
Rio Douro com os diferentes barcos







O rio Douro foi sempre um rio de difícil navegação dado as regiões montanhosas que atravessa e as variações de caudal nas diferentes estações do ano. Assim se adapta a arquitetura dos barcos às regiões nas quais navegam.
Entre o Porto e Crestuma são frequentes os barcos de pá, com fundo estreito de tábuas sobrepostas, bordos altos e bico agressivo adaptados ao troço sem acidentes dignos de nota. É caso do Valboeiro.
Entre Crestuma e Entre-os-Rios, onde existem alguns acidentes, o fundo do barco alarga-se, proporcionando melhor maneabilidade e adoptando a espadela. É o caso dos  Rabões utilizados na exploração da areia





 [foto de Manuel Joaquim Soares 
 "Da Terra de Mallores a que agora chamam Melres", Santa Casa da Misericórdia de Vera Cruz de Gondomar, 1997, p 51 

 O Rabão Branco foi posteriormente, também chamado de  Negro quando passou a transportar carvão.




foto do Rabão negro,  Octávio L. Filgueiras, O Rabão da Esquadra Negra.

 Tinha a tonelagem de 50/60 toneladas ou até mais. Transportava carvão, sobretudo das Minas do Pejão que começaram a laborar em 1917.
Os últimos barcos a navegar foram os que transportaram o carvão das Minas do Pejão até à fábrica de briquetes no Esteiro de Campanhã - era a esquadra negra.
 O Rabão tinha uma tripulação de quatro homens: um arrais com o leme a seu cargo e função de comando; o feitor que substituía o arrais na sua ausência; o cozinheiro e o marinheiro encarregado da cama onde se dormia em conjunto.
Normalmente, apresentando uma tonelagem de 50/60 toneladas, nos anos 60 de 1900, para fazer face à concorrência, chegou a atingir 70 e mais.
O Rabão embora diferente do Rabelo assemelha-se-lhe pela terminologia das peças.



                                               Rabão no Esteio de Campanhã



    Junto a Pé de Moura, havia, ainda, os "saveiros" com coqueiro e até espadela.
Transportava areia, gado, lenha, carqueija, carangueijo.

    De Entre-os-Rios para montante são adotados barcos de formas ladeiras e boleadas para fazer face aos grandes acidentes de percurso. Nesta zona dominava o tipo "Rabelo".

O  barco Rabelo é um barco de espadela - ramo que governa o barco e está sujeito a um eixo tornel.Possui, ainda, dois remos de cada lado e fundo chato - o sagro - constituído por um número ímpar de tábuas. Tem forma lenticular.
Há autores que defendem a sua origem Sueva, outros Visigótica ou até Viking.
Transportava vinho, lenha, madeira, carvão, fruta, palha, batata e outras mercadorias.
A vida a bordo do Rabelo era árdua e trabalhosa, existindo, então, uma espécie de hierarquia de comando. Para um barco de 50 a 60 pipas, a tripulação era constituída por treze pessoas ordenadas do seguinte modo: arrais, feitor da proa, feitor da espadela, braceador, moço, 1º, 2º, 3º e 4º cabresteiro, vinhateiro, ponteador da pá-dos-dois, ponteador da pá-dos-três e ponteador da pá-da-ré.
A confecção da comida estava a cargo do moço e do vinhateiro que, também, zelava pelo vinho e pelos víveres da chileira.
Grande parte das refeições eram à base do caldo e do peixe pescado pelos próprios além de pão e vinho.
Ao longo da navegação, nalgumas regiões, o barco Rabelo tinha que ser puxado à Sirga. Com uma buzina, búzio ou corno, os tripulantes do barco chamavam os bois que os lavradores costumavam alugar para puxar o barco - é a navegação à Sirga.
Os perigos de rápidos, pontos ou golas levava os marinheiros a assinalá-los com santos aos quais pediam a protecção. Transportavam, também, por vezes, uma caixa com as "Alminhas" do barco, onde depositavam a sua esmola. p




                                                                              Alminhas






                                                    Octávio L. Filgueiras,    Barco Rabelo, Tipologia dos Barcos

Porto desaparecido

O barco Rabelo está definitivamente desaparecido como transportador de vinhos. No entanto podemos, ainda vê-los no Cais de Gaia a fazerem propaganda às Companhias Vinícolas. E já agora, porque não entrarmos num dos barcos adaptados às viagens turísticas rio acima? A viagem enche os olhos e o coração de beleza!





Este barco foi dos que mais inspirou os artistas gondomarenses que o reproduziram, vezes sem conta, em filigrana.


Barco em filigrana - artesão José Martins França, 1990


O Valboeiro



                                                Valboeiros -miniaturas

É governado através da pá. O fundo é constituído por uma única tábua - a cal - é completada por uma ou duas tábuas já inclinadas, os fundos.
Funciona como barco de pesca - o saveiro - barco de rio e mar ou barco de carga e transporte de passageiros.
Como saveiro era o barco utilizado na pesca do sável, media cerca de 6,8 metros. Podia ser, todavia, utilizado, também, como barco de carga. Adoptavam um sobrecéu quando se destinavam às padeiras de Avintes ou ao passeio ao longo do rio. Como barcos de passagem para a travessia entre Gondomar e Gaia, eram, por vezes, conduzidos pelas barqueiras e mediam cerca de 7,5 metros. Neste caso o rebordo falso é calafetado e munido de um resguardo para evitar a entrada da água. Podiam ter também coqueiro.



OS BARCOS DE PASSAGEM
 Ó barqueiro traz cá o barco,
Traz também a amarração....
Eu quero atravessar
De Avintes para Valbom!
        Popular


                                                   "A Barca de Avintes", óleo s/tela de António Silva Porto
                                                         (séc.XX col. Museu Nacional Soares dos Reias)
                                                                                  - o sobrecéu



       As travessias em Pé-de-Moura, Esposade e Ribeira de Abade eram muito frequentes, ainda, no início, do século XXI.


Barco rabelo e rabão


                                                       Barcos do estuário do Douro



LEGISLAÇÃO SOBRE A PESCA


Em tempos medievais os Senhores preocuparam-se em legislar sobre a cobrança de impostos sobre o pescado, como pode ser exemplificado no Foral de Gondomar. Só em 1843 vão ser substituídos todos estes impostos de pesca devidos aos senhores pelo pagamento ao Estado de 6% dos lucros dos pescadores, que em 1928 passa para 8,3% do valor do pescado.
A preocupação de regrar a pesca vai, também ser constante. Desde muito cedo são redigidas leis nesse sentido.  Por exemplo  Os "Acordãos da Câmara do Porto" de 1560 e 1561 estabelecem o tipo de malhas permitidas e proíbem certas redes ( mossas e covãos nos meses de Março a Maio excepto para os Sáveis, bogas e tainhas e com redes varredouras: tresmalhos e galritos dobrados bem como proíbem a poluição das águas com trovisco, barbasco, coca ou cal. No entanto a provar que a prevaricação é constante o  Decreto de 16 de Setembro de 1886 volta a proibir os mesmos métodos e redes.
As penas consistiam em prisão de três a trinta dias e correspondente multa.




MOSSA - pancada

COVÃOS - grande cova

TRESMALHO - rede de tres panos para pescar

GALRITO - rede formada por um saco

COCA - planta extraída da coca, planta narcótica.

CAL -  óxido de cácio

TROVISCO  - subarbusto frequente nos outeiros,charnecas e matos, tem flores cheirosas, dispostas em cachos terminais, com pedúnculos e pedicelos branco-tomentosos.

BARBASCO - folhas da planta do mesmo nome - barbasco, verbasco ou alecrim das paredes - planta medicinal com flor amarela e sementes negras.



PESCARIA




Quanto ao peixe pescado o  Foral de Gondomar refere a : Lampreia; Sável: Solha e Irez  (eiró - espécie de enguia).  
Hoje, ainda é possível pescar enguia, barbo; boga; escalo; tainha; mugem, ruivaca, alguma lampreia e sável;
Quanto ao peixe pescado o  Foral de Gondomar refere a : Lampreia; Sável: Solha e Irez  (eiró - espécie de enguia).  


Os Peixes?

 Barbo - Barbus

Família - CYPRINIDAE

Alcança 90 cm. A secção transversal é redonda, embora o ventre seja aplanado. tem uma boca ventral, lábios carnudos e dois pares de bardilhos longos.

HABITAT:

Surge em rios de planície, de corrente moderada e fundos arenosos ou de cascalho e é particularmente comum em represas. Alimenta-se de invertebrados das profundidades, sobretudo larvas de insectos, vermes e moluscos. Reproduz-se em fundos de cascalho no fim da Primavera.


Enguia - Anguilla

Família: ANGUILLIDAE

Alcança 1 m. A fêmea é maior do que o macho. O maxilar inferior é saliente e as barbatanas dorsal, caudal e anal fundi-das.

HABITAT:
Vivem em rios e lagos e alimentam-se de larvas de insectos, crustáceos, e peixes mortos. São sobretudo nocturnas. Podem ziguezaguear até uma certa distância fora de água.
Desova em Outubro e Novembro.


Boga - CHONDROSTOMA POLYLEPSIS
Pertence ao grupo dos peixes Acanto-pterígios perciformes.

Família - ESPARÍDEOS
Género - CONDROSTOMA

Existe a boga do mar ou B. boops e a boga do rio ou C. polylepsis.

Esta vive no fundo das águas e alimenta-se de plantas e peixe miúdo. Multiplica-se prodigiosamente, desovando em Maio e Junho por entre as ervas. Raramente excede os 20 cm.


Escalo - LEUCISCUS
Alcança 61 cm. Tem um corpo esbelto, mas a cabeça e o dorso são largos. Apresenta escamas grandes e barbatana anal arredondada.


HABITAT:

Encontra-se em rios, geralmente de corrente moderada, e em grandes lagos. Alimenta-se de invertebrados aquáticos e pequenos peixes.

Truta -  SALMO GAIRDNERI -  SALMO TRUTTA - truta comum

Família - SALMONIDAAE
Alcança 140 cm e 60 kg. É de cor prateada, com manchas negras e vermelhas, embora exista uma grande variedade morfológica entre os diversos indivíduos.

No rio Douro vivia em caneiros, como os de Avintes

  SALMO GAIRDNERI - truta arco-íris

Tem um máximo de 70 cm e 70 kg. É semelhante à comum, tem uma mancha purpúrea no dorso. Veio da América, no século XIX.
Resiste melhor do que a comum a águas poluídas.
Existia no caneiro de Avintes.


Lampreia - LAMPETRA FLUVIALIS

A lampreia pertence aos ciclóstomos, classe de vertebrados aquáticos, de forma cilindrica e oblonga, sem escmas nem barbatanas pares. Possui esqueleto cartilagíneo e crãneo que continua pela coluna vertebral. É uma das raras sobreviventes dos primitivos vertebrados que se desenvolveram há cerca de 400 milhões de anos. Sendo cega, caça pelo olfacto e tacto apurados. Na sua vida adulta é parasita de outros peixes, sugando-lhes o sangue com a sua boca cicular. Alimenta-se, também de restos de presas.

HABITAT.

Depois de viverem no Atlânctico Norte durante 12 a 20 meses migram para os rios onde as fêmeas depositam cerca de 60 000 ovos que serão fecundados e enterrados pelos machos que depois morrem.
Apenas 1% dos ovos dão origem a larvas que depois de irem ao sabor da corrente se enterram no lodo alimentando-se de seres microscópios durante 2 a 5 anos, findos os quais se dirigem ao mar para regressarem de novo ao rio para desovarem.
A lampreia era mais procurada  de Janeiro a Maio, antes de desovar, já que acredita-se que é mais saborosa, nesta altura e  quanto mais longe da foz for pescada.

No entanto, a lampreia, valor cultural gastronómico sofre, hoje o impacto da poluição e da alteração das condições que beneficiava antes da construção das barragens. É urgente reflectir se em prol da gastronomia se põe em perigo a presrvação desta espécie.


Sável - CLUPEA ALOSA

É um peixe de corpo grande, alto e comprido  lateralmente, coberto de escamas grandes e arredonadas, com numerosas estrias finíssimas.

Habitat:
Foi comum desde o Minho ao Tejo. Aproxima-se as nossas costas marítimas no fim do Inverno e inicia a subida dos rios a fim de  desovar (Junho a Agosto). As fêmeas depois deste acto morrem em grande número. No início do inverno, os pequenos sáveis regressam ao mar.

Savelha -  CLUPEA FINTA

Aparece com o sável. Apresenta dimensões mais diminutas.


Encontram-se, também:

Solha - FLESUA VULGARIS

Entra no rio e não encontrando obstáculos sobe até grande distãncia.
Desova todo o ano, embora atinja maior desovação de março a maio, no fundo dos rios

Tainha  -  MUGIL CAPITO

Vive no mar, mas também se encontra no rio.
desova em outubro e Novembro. A época de maior pesacria é de Novembro a Janeiro.


Redes de pesca

Muge - MUGIL AURATUS


A lampreia podia-se pescar com :

- o Alar - Rede triangular bastante comprida. É fixa na areia por uma vara de pinheiro com o vértice em oposição à corrente da água. Na extremidade possui uma "naça", ou armadilha. Retem cerca de 40 a 50 lampreias. É utilizado na pesca da Lampreia


- Camaroeiro ou conchinha - Compõe-se por um saco de rede, pano rectangular com costuras laterais, que se prende a um arco em  madeira ou ferro, que por sua vez está ligado a um cabo
É utilizado para espécies que se encontram em grupos. sável, lampreia; savelha


- Tresmalho ou Vanda -  Redes de três panos sobrepostos tendo cada um a forma rectangular - a rede mais larga fica por fora e a amis fina por dentro. As malhas têm todas a forma quadrada, com l= c. 0,07 no pano ou rede ao centro e de c. de 0,28m nas albitâneas ( panos dos lados). São empregadas por todo o rio Douro deixando-as andar com a maré acompanhadas pelo barco.
É utilizado para o sável, lampreia; savelha



- Varga, varina ou Barga - Rede de arrasto  de linho.Têm um único pano de emalhar e grande cortiçada na tralha superior e a inferior liga-se ao lastro que é feito de poucos pedaços de barro vermelho ou lousa chamados bolos - são usadas na costa e dentro do rio sempre a arrastarem do mar para a terra para o que tem cordas amarradas às forcadas
É utilizado para o sável, savelha, solha .

Espinhela - Para a lançar começa-se por enterrar, perto da margem, uma estaca, com c. de meio metro onde se amarra uma corda. Na outra extremidade prende-se  com um fio 1 pedra com c. de 500g que é para assentar no fundo.  Esta é atirada ao rio esticando a corda. A linha com c. 200m tem um anzol de 10 em 10 e isca-se com minhoca, camarão ou sardinha. No final deste aparelho amarra-se um bóia para saber onde ficou .
É usada para peixes de tamanho médio - enguia, robalo e tainha.



É usada, ainda a Cana para peixes pequenos.

Ao longo do rio, em determinados pontos eram colocadas pesqueiras - estratagemas para pescar.



Redes
Características
Pesca
Alar
Rede triangular bastante comprida. É fixa na areia por uma vara de pinheiro com o vértice em oposição à corrente da água. Na extremidade possui uma "naça", ou armadilha. Retem cerca de 40 a 50 lampreias.
Lampreia
Camaroeira ou de conchinha
Compõe-se por um saco de rede, pano rectangular com costuras laterais, que se prende a um arco em
 madeira ou ferro, que por sua vez está ligado a um cabo.
Espécies que se encontram em grupos. sável, lampreia; savelha
Chumbeira
Rede de malha larga disposta em cone, de cujo vértice sai a corda que é enrolada no braço esquerdo de
quem a vai lançar. Tem na base chumbos esféricos. lança-se em movimento rotativo tendo antes dividido o seu perímetro em duas partes, uma que fica sobre o braço esquerdo e outra pendente pronta para ser atirada. Os chmbos do meio são segurados na boca.
Não é utilizada para peixe miúdo.
Chincha
Têm boias de cortiça e em baixo pedras de lousa ou barro e que serve para arrastar a criação - toda a qualidade de peixe. É proibida porque destruidora.
Todo o tipo de peixe
Tresmalhos ou vandas
Redes de três panos sobrepostos tendo cada um a forma rectangular - a rede mais larga fica por fora e a amis fina por dentro. As malhas têm todas a forma quadrada, com l= c. 0,07 no pano ou rede ao centro e de c. de 0,28m nas albitâneas ( panos dos lados). São empregadas por todo o rio Douro deixando-as andar com a maré acompanhadas pelo barco.
Sável, lampreia; savelha
Solheiros ou faticeiras
Redes feitas do ticum aproveitado das lampreiros
usados. pescam no fundo. São deixados na baixa mar e recolhem-se na praia mar.

Solha; savelha...
Branqueiras
São semelhantes aos lampreeiros mas de fio
bastante mais grosso. usam-se só junto á costa.

Varga ou Varina
"Barga"
Rede de arrasto  de linho.Têm um único pano de
emalhar e grande cortiçada na tralha superior e a inferior liga-se ao lastro que é feito de poucos pedaços de barro vermelho ou lousa chamados bolos - são usadas na costa e dentro do rio sempre a arrastarem
do mar para a terra para o que tem cordas amarradas às forcadas

Sável, savelha, solha ..
Saval
Rede de tresmalho ou seja 3 panos sobrepostos também de emalhar.









Rosulho
É constituída por uma corda na qual se prende um rosário de minhocas. Faz-se um novelo com um peso de c. de 500g. Usa-se nos sítios baixos e água parada de noite e de dia nas águas turvas

Espinhela
Para a lançar começa-se por enterrar, perto da margem, uma estaca, com c. de meio metro onde se amarra uma corda. Na outra extremidade prende-se  com um fio 1 pedra com c. de 500g que é para assentar no fundo.  Esta é atirada ao rio esticando a corda. A linha com c. 200m tem um anzol de 10 em 10 e isca-se com minhoca, camarão ou sardinha. No final deste aparelho amarra-se um bóia para saber onde ficou
Peixes tamanho médio.
Enguia; robalo; tainha
Cana
Com a linha de comp de c. de 5/6m com 1 ou 2 anzóis presos à linha de uma cana
barbo; escalo; tainha; pica; savelha; robalo; tareco
Fisga
Espécie de garfo preso e uma corda; quando o peixe anda atonado atira-se à água. Na pesca à rede, a tainha quando a água está limpa, solta para cima da rede, a não ser que esta seja muito grande






Tresmalho





                                                           Nassa para a enguia





                                                      Tipos de fisga –usada na lampreia



Rabelos
Barcos
do Douro



Barquinhas

da Ribeira


Formas eventuais
Barcas





de apégadas


BARCOS DE
Rabões
de rabo baixo


ESPADELA

Barquinhos


BARCOS


Formas hídridas
Rabão Branco- R. Carvoeiro

DE


Saveiro c/ coqueiro e espadela


RIO



Barcos de frete



de carga ou passageiros
Barcos das padeiras

BARCOS
Valboeiros

Barcas

 DE PÁ



BARCO DE


de pesca
Saveiro
RIO E MAR








PESCA DA LAMPREIA

Após a captura, as lampreias eram colocadas em caixas de madeira, em forma rectangular com buracos por onde penetrava a água. Eram fechadas a cadeado.
No barco, à pesca iam duas pessoas - normalmente duas mulheres. O homem segurava a corda na praia.
Findo o lanço, uma das mulheres saltava para terra para puxar pela outra corda - corda do toro - e amarrava-a a uma estaca de madeira a cerca de 50m do rio.
A rede ia-se distendendo e endireitando com a corrente do Douro. Era puxada em parceria - "mano a mano". Quando havia grande pescaria eram chamados todos os que estivessem na praia (Em Melres as crianças que vulgarmente aí pastoreavam o gado).

Em Zebreiros, na Foz do Sousa, a lampreia ainda há pouco tempo era pescada a arpão por entre as pedras do rio.

RIO
PEIXES
Douro
Lampreias; sável, enguia; barbo; boga; escalo; tainha; muje; ruivaca.
Sousa
Boga, escalo; enguia e truta
Mexilhões; sanguessugas; cágados a que o povo chama sapos conchos.
Ferreira
Boga, escalo; enguia e truta ( mais do que em qq. outro rio)
Tinto
Torto
Marecos
Boga; escalo e enguia
Aguiar
Não há peixe
Gramido
Aboinha
restantes
Enguia; escalo; boga; truta; ruivaca.


A praia da Foz do Sousa, principalmente no sítio chamado moinho do verdugo  é um excelente pesqueiro  para a pesca do sável.

Em Zebreiros - ainda existem as pedras das antigas pesqueiras - servem de balizas à tradicional corrida dos barcos por ocasião do S. Jorge.

O sável deve ser pescado no rio e as redes puxadas pela areia fora para que o batimento do peixe em agonia o liberte do sangue - torna-se assim mais saboroso.




                                                      Pesca do sável em Valbom



                                                Pesca do sável, em Rio Mau.



Freguesia
Peixes
Época
Obs.
Covelo (rio Sousa)
- barbo, escalo; bogas;
   lampreia;
   sável;
- lampreia; truta; peixe do mar
  savelha;
  peixe do mar
- barbo; boga  muje; escalo;  
   enguia; truta
todo ano
Abril a Maio
Janeiro a Junho



todo o ano

Memórias Paroquiais
(pescarias livres)
Pinho Leal



Monografia*  a)
Fânzeres ( rio da Varzea "Barge")
- reixelos e enguias

À cana ou anzol
Monografia
Foz do Sousa
- barbo, escalo; bogas;
  lampreia;
- Boga, escalo; enguia e truta
  eirós; mexilhões;
  sanguessugas; cágados   
  (sapos conchos)
todo ano
Março a Abril
Memórias Paroquiais
(pescarias livres)

Monografia
Lomba
- barbo; boga; muje; escalo;
  lampreia;
  sável
todo ano
Janeiro a Abril
Março a Junho
Memórias Paroquiais
(pescarias livres)

Medas
- barbo, escalo; bogas;
  muje;
  lampreia;
  sável;
- enguia; eirós; lampreia;  
  ruivaca; salmão (raro); 
  solha; sável; savelha;   
  tainha, 
  camarão bruxo; camarão 
  branco e truta.


Janeiro a Abril
Março a Junho
Memórias Paroquiais
(pescarias livres)

Monografia
Melres
- barbo, escalo; bogas;
  muje;
  lampreia; sável;

todo o ano

Fev a Junho
Memórias Paroquiais
(pescarias livres)

Rio Tinto (rio tinto e ribeiros)
- escalo e boga

- escalo; boga e enguia

Memórias Paroquiais
Monografia
S. P. da Cova
(Rio Ferreira)
- barbo; boga



- truta; barbo; boga; escalo; 
  enguia
todo o ano
Memórias Paroquiais
Coca; troviscada e redes
( é senhor o Bispo do Porto - pescarias livres)
Monografia




Valbom
sável; lampreia
solha; linguado; muje; savelha, enguia; barbo.


sável; lampreia;  enguia; barbo; boga; escalo; tainha; muje; ruivaca.
Fev a Junho
todo o ano
Memórias Paroquiais* b)
(pescarias sujeitas a imposto)

Monografia

*   a) O uso de perrexil, dinamite e carboneto de cálcio e a falta de fiscalização no tempo da desova tem diminuído a antiga abundância. Antigamnete pescava-se muita lampreia nos caneiros dos açudes tanto que alguns prazos impunham-nas como foro; hoje tudo isso terminou a montante da Companhia das Águas cujo açude elas não sobem.
Nas pesqueiras do rio Douro apanhavam os habitantes de leverinho muita lampreia e sável, sendo este último objecto de foro, com o valor de 140réis em prata, em 1767. Actualmente os pescadores são da Lixa" OLIVEIRA, Camilo, monografia, vol II , p332

 b)  " Como o Rio Douro nos limites desta freguesia forma um areal grande que principia na paraje das pedras da lavandeira athé o lugar de ribeira de abbade adonde fica commodo, par arrastar as redes no tempo asima referido da pescaria dos sabeis e lampreas; só os moradores desta freguezia de valbom podem no dito areal pescar, pofrem de tudo, oque pescão ( excepto um peixe cada dia, que hé para a caldeirada) pagão o dízimo de des peixes hum, para a Igreija, que pertence ao Abbade desta freguezia, e do mais peixe, què fica aos pescadores pagão a renda chamada o Condado, que hé para o senhor do areal, que na ponta de sima que fica ao nascente, hé Pedro Correa Pinto de Azevedo, e recada de sinco peixes hum. E no meio do areal pertence ao marques de Fontes, e recada de mão de sinco e mão de seis hum peixe, e na ponta de baixo do dito areal, pagão os pescadores de sinco peixes hum, de que pertence duas a Martim  Affonço de mello, asistente na cidade do Porto, e outra parte, aos Conigos da Collegiada de cedofeita extra muros da cidade do porto; e todo este peixe pagão os pescadores ao sahir da rede da rede em terra; e todo o mais peixe que fica livre destes tributos lho não deixão vender nesta freguezia, pois com vigias, e gravissimas penas os obrigão, a leva lo a praça da ribeira da cidade do porto; e pagão o tibuto da banca que hé de des peixes hum para Sua Magestade. E pello meio do rio Douro no tal tempo se pesca livremente com huas redes, que se chmão Tresmalhos, e não sahem a terra, e só pagão os pescadores o Dizimo a freguezia adonde fogeão, e a Banca na cidade do Porto."   OLIVEIRA, Camilo, Monografia, vol II , Memórias paroquiais p 194/5



PESQUEIRAS

As pesqueiras designam armações de pesca no rio

N o Portugaliae Monumenta Historica consta um contrato de venda da quarta parte de um prédio, sito na "vila" de Zebreiros, e de parte de certa piscina ( pesqueira) da margem do mesmo rio que se contem numa carta autógrafa pertencente ao Mosteiro de Morena, escrito em latim bárbaro com a data de 1070 reconhece que Concita filha de Soares vende a Gonçalves guterres e sua esposa, além de terras lavradas, bravias e montes, " as rações que nestas pescarias tem no Douro" cit in OLIVEIRA, Camilo, Apontamentos Monográficos, vol. p. 450.

Em Valbom havia pesqueiras na Lavandeira, na Perlonga e na quinta da Vinha.
As pesqueiras da Lavandeira e Perlonga foram vendidas à Igreja de valbom por Pantaleão Pinto e  incluídas no respectivo tombo pelo Abade Jerónimo Luís Sol.
No entanto o senhor da Quinta das sete Capelas, Paulo Correia Pinto de Azevedo reivindicou a pesqueira da Lavandeira, no tempo do abade Manuel da Silva Magalhães e ganhou a demanda. É que a Quinta das Sete capelas pertença dos Correia Montenegros foi construída em 1554 por Miguel Correia Moontenegro e tinha o privilégio de ninguèm poder pesxccar na metade do rio que lhe pertencia.
A pesqueira do Casal da Vinha foi demolida no final do século passado, apesar de Abílio Martins de Aguiar enfiteuta daquela quinta ter conseguido a assinatura dos mestres das lanchas sediados em Valbom e de mais duas centenas de habitantes que subscreveram uma representação dirigida a D. Carlos em 6 de Março de 1890 pedindo a suspensão daquela decisão.



 COMUNIDADE PISCATÓRIA



MAPA DAS EMBARCAÇÕES DA PESCA E TRIPULANTES DE VALBOM

Ano
Tipo de pesca
nº e tipo de barco
tripulantes
1888
Pesca do alto
8 lanchas
222

pesca costeira e fluvial
150 barcos
300





MAPA DA IMPORTÂNCIA DA PESCA NOS PORTOS DO DEPARTAMENTO MARÍTIMO DO NORTE
Ano
Local
Embarcações
Pessoas
Kg pescado
Pessoas
1886
Valbom
158
522
280000
237666$590
1886
Gondomar
213




Função da embarcação
Transporte de passageiros e pesca
41
Pesca do sável
47
Uso particular
2

O mesmo Mapa da importância da pesca nos portos do Departamento marítimo do Norte de 1886 refere a Póvoa de varzim como 1º estância de pesca logo seguida de Valbom.

Em 1935 já estava decadente.
As lanchas já tinham desaparecido, tendo alguns pescadores emigrado para o Brasil.
As lanchas foram substituídas pelas Catraias para a pesca da sardinha e depois pelas Traineiras. Em 1935 já estavam em vias de desaparecimento

NOBRE, Augusto Pereira, Fauna marinha de Portugal cit in Oliveira, Camilo, vol Iv, p. 199