“Das
tuas águas mais puras,
Procuro
as do Cabidela.
Oiço
falar no “Finuras”,
E da
antiga clientela.
Mazola, abril, 1987
A festa de S. Brás
de Baguim de Monte ou Vago de Monte são já referida nas Memórias paroquiais de 1778.
As freguesias vizinhas acorriam a venerar o santo, sobretudo, como refere o reverendo
António Ferreira Nobre (que redige as respostas ao Inquérito, coligido nas
referidas Memórias), era mais popular entre os fregueses de Valongo, por ficarem
mais perto da capela.
A festa de S. Brás é
realizada pela confraria do Sagrado Coração de Maria (padroeira da freguesia) e
S. Brás.
S. Brás é o advogado
da garganta, pelo que a população recorre ao santo, não só quando é atormentado
por doenças da garganta, mas também, quando alguém fica entalado com algum alimento ou objeto. Segundo costume antigo (que continua a ser eficaz hoje) uma batida
nas costas e a invocação de S. Brás, fazia soltar o intruso!
No caso dos bebés
com tosse, e não esqueçamos a época da tosse convulsa, a batida nas costas e a
lembrança da proximidade do santo, também se cria eficaz: “S. Brás que é nosso
vizinho!”
A devoção chegou a
ser tão grande, que eram e são oferecidas gargantas em cera, bem como dinheiro e
quando o havia, ouro.
No dia 3 de
fevereiro, é costume, as gentes locais enfeitarem as ruas com belos tapetes de
flores e colocarem à varanda as colchas mais bonitas, por onde passa a procissão
que dá uma volta às ruas contíguas à Igreja. É habitual haver quem se vista de
S. Brás, muitas vezes, para “pagar” alguma promessa de uma doença curada.
No entanto, há,
também, à volta da igreja, inúmeras vendedeiras de doces, mas a guloseima mais
falada é a do figo de saco (meio seco), ou de cesta (achatado) com regueifa, bem
como, devido à época do ano, os rojões e as papas de sarrabulho. Este ano, só
confecionado em casa ou, então, em take way, mas em anos anteriores, a corrida
a esta iguaria , nos restaurantes locais era apreciável. Em épocas passadas,
estes pratos acompanhados de verde tinto ou “amaricano” podiam ser degustados na “Frazinda”, no “Chasco” , na “Peneda” e noutros. Hoje, há também, por lá, bons
restaurantes, infelizmente fechados.
No entanto, cerca de
1940, a festa profana de S. Brás começava na noite anterior com os jogos de
dados, “uma coroa de cinco coroas” e continuava no dia seguinte com o “Jogo do
gato”, da “roleta” e das “ergolas”. A festa terminava com o Leilão das
oferendas.
Como fevereiro ainda
é época fria, os vendedores apregoavam o café quente e a aguardente” para
aquecer.
A capela de S. Brás,
no lugar do Outeito, era importante, porque distanciava da Igreja de S. Cristóvão
de Rio Tinto, pelo que dela saía a procissão do Santíssimo Viático que levava a
comunhão aos doentes enfermos, em perigo de vida. Desta forma, é reedificada em 1885.
Hoje, a festa resume-se
à parte religiosa e à venda dos doces e dos pratos que resultaram da matança do
porco.
S. Brás nos acuda
que é nosso vizinho!