quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

S. Brás em Baguim

 






 

“Das tuas águas mais puras,

Procuro as do Cabidela.

Oiço falar no “Finuras”,

E da antiga clientela.

                    Mazola, abril, 1987

      


A festa de S. Brás de Baguim de Monte ou Vago de Monte são já referida nas Memórias paroquiais de 1778. As freguesias vizinhas acorriam a venerar o santo, sobretudo, como refere o reverendo António Ferreira Nobre (que redige as respostas ao Inquérito, coligido nas referidas Memórias), era mais popular entre os fregueses de Valongo, por ficarem mais perto da capela.

A festa de S. Brás é realizada pela confraria do Sagrado Coração de Maria (padroeira da freguesia) e S. Brás.

S. Brás é o advogado da garganta, pelo que a população recorre ao santo, não só quando é atormentado por doenças da garganta, mas também, quando alguém fica entalado com algum alimento ou objeto. Segundo costume antigo (que continua a ser eficaz hoje) uma batida nas costas e a invocação de S. Brás, fazia soltar o intruso!

No caso dos bebés com tosse, e não esqueçamos a época da tosse convulsa, a batida nas costas e a lembrança da proximidade do santo, também se cria eficaz: “S. Brás que é nosso vizinho!”

A devoção chegou a ser tão grande, que eram e são oferecidas gargantas em cera, bem como dinheiro e quando o havia, ouro.

No dia 3 de fevereiro, é costume, as gentes locais enfeitarem as ruas com belos tapetes de flores e colocarem à varanda as colchas mais bonitas, por onde passa a procissão que dá uma volta às ruas contíguas à Igreja. É habitual haver quem se vista de S. Brás, muitas vezes, para “pagar” alguma promessa de uma doença curada.

No entanto, há, também, à volta da igreja, inúmeras vendedeiras de doces, mas a guloseima mais falada é a do figo de saco (meio seco), ou de cesta (achatado) com regueifa, bem como, devido à época do ano, os rojões e as papas de sarrabulho. Este ano, só confecionado em casa ou, então, em take way, mas em anos anteriores, a corrida a esta iguaria , nos restaurantes locais era apreciável. Em épocas passadas, estes pratos acompanhados de verde tinto ou “amaricano” podiam ser degustados na “Frazinda”, no “Chasco” , na “Peneda” e noutros. Hoje, há também, por lá, bons restaurantes, infelizmente fechados.

No entanto, cerca de 1940, a festa profana de S. Brás começava na noite anterior com os jogos de dados, “uma coroa de cinco coroas” e continuava no dia seguinte com o “Jogo do gato”, da “roleta” e das “ergolas”. A festa terminava com o Leilão das oferendas.

Como fevereiro ainda é época fria, os vendedores apregoavam o café quente e a aguardente” para aquecer.

A capela de S. Brás, no lugar do Outeito, era importante, porque distanciava da Igreja de S. Cristóvão de Rio Tinto, pelo que dela saía a procissão do Santíssimo Viático que levava a comunhão aos doentes enfermos, em perigo de vida.  Desta forma, é reedificada em 1885.

Hoje, a festa resume-se à parte religiosa e à venda dos doces e dos pratos que resultaram da matança do porco.

S. Brás nos acuda que é nosso vizinho!