sábado, 13 de junho de 2015

OUTORGA DO FORAL DE GONDOMAR - TEXTO DA RECRIAÇÃO


 OUTORGA DO FORAL DE GONDOMAR - TEXTO DA RECRIAÇÃO - 12 de junho de 2015 na Escola E. B. 2.3. de  Gondomar

Narrador- Venham, venham saber como o rei nos quer dar um novo foral.

 

Entrega do Foral – recriação

Concessão do foral de Gondomar – texto dramático

 

Aluno com cartaz:

 “ATO I – palácio do Rei”

Personagens: narrador e rei

 

David - Narrador:

Decorria o ano de 1515, no reinado de D. Manuel I, a quem a história apelidou de “O Venturoso”. Neste reinado, para além do grande feito da descoberta do caminho marítimo para a Índia e a chegada ao Brasil, D. Manuel governou Portugal de uma forma centralizadora e procedeu à concessão de forais a várias localidades do reino de Portugal entre elas, à nossa terra de Gondomar que está a comemorar os 500 anos da sua concessão.

 

 

José Pedro - Rei D. Manuel:

- Vendo nós, como o ofício do Rei não é outra coisa senão reger bem e governar os seus súbditos em justiça e igualdade, a qual não é somente dar a cada um o que seu for, e como sabemos que têm havido vários males, que tolhem os nossos súbditos, por terem forais de há muito tempo escritos em latim, e outros, em linguagem antiga, exigindo pagamentos que não se devem fazer em moedas cujo valor já não se conhece, querendo tudo isso remediar, ordeno que se façam novos, com linguagem nova e clara, para todos as Cidades, Vilas e Lugares do nosso Reino.

Assim mandamos entregar todas as escrituras e tombos pelos quais as nossas rendas se regem ao doutor Rui Boto, do nosso conselho régio e nosso chanceler mor, ao doutor João Façanha do nosso desembargo, e ao Cavaleiro Fernão de Pina, e ordenamos que  venha até eles um procurador com os ditos forais e inquirições que nos ditos lugares mandamos publicamente tirar, para mais claramente podermos determinar o que for de direito.

Em caso de necessidade dos nossos oficiais régios, os procuradores dos concelhos devem cuidar de dar pousada ao digníssimo Cavaleiro, Fernão de Pina e trabalhar com ele de boamente.

 

 

Aluno com cartaz “ATO II – Em terras de Gondomar”

Personagens: homem-bom; procurador; homem do povo; outro homem do povo; parvo; grupo de camponeses (rapazes e raparigas)

2º ato

David - Narrador :

Ora cá estamos em Gondomar onde todos querem um Foral Novo.

 

Pedro Mota - Homem Bom:

- Homens foreiros do Concelho de Gondomar estamos aqui reunidos para decidir o que o nosso procurador deve mostrar ao doutor Rui Boto, chanceler mor, conselheiro d´El Rei D. Manuel, rei de Portugal e dos Algarves D´Áquem e d´Além mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista e navegação e comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e da Índia e ao doutor João Façanha do seu desembargo, bem como ao escrivão Cavaleiro da Casa Feal, Fernão de Pina. Tenho na minha mão as inquirições mandadas tirar por el –rei.

 

- José Miguel - Procurador:

- É bom que se tenha em atenção que os impostos já não são pagos pela dita inquirição.

Tenho aqui um tombo e livro onde se declara os impostos que se devem pagar e os que estão fora de uso. É este livro que deve ser entregue ao oficial dos forais, Fernão de Pina que há-de tirar a limpo o nosso Foral Novo.

 

 

 

 

 

Gonçalves - Homem do Povo:

- Pois então que tenha atenção ao que escreve! Não tivemos problemas até aqui, não os queremos ter a partir de agora. Esse quer é a tença de setenta mil reis em cada ano por tirar a limpo o nosso foral!

 

Sandro - Outro Homem 2:

- “Havede má hora essa! Folgo de ver o interesse d´el rei na nossa terra e nas outras todas. Quem bem trabalha, bem deve ser pago!

 

Diogo - Homem do povo 3 :

- “Grandes bandos andam na corte”

 

Sandro - Homem do povo 2

- Que dissesteis?

 

Diogo - Homem do povo 3:

- “Furta-cebolas! Hiu! Hiu!

Excomungado nas igrejas!”

                         

O povo junta-se para dançar

 


Naõ tragais borzeguis pretos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Aluno com cartaz: “ATO III – redação da Carta de Foral”

Personagens: procurador; Fernão Pina; Rei;

 

David - Narrador:

Ora cá estamos junto da Comissão dos Forais.  Fernão de Pina  vai redigir o Foral Novo de Gondomar.Esperamos que seja brando de impostos que muitos andam nesses mares e as mulheres por cá viúvas e órfas de pai têm de arranjar substitutos para lhes sustentarem os filhos.

 

(O procurador sai com um livro encardernado e chega junto da comissão dos forais  que os analisa).

 

Nuno -  Fernão de Pina:

Gondomar tem um rio?

José Miguel - Procurador

-Saiba vossa excelência que tem três.

( Continua lendo)

Nuno -  Fernão de Pina:

- É o Douro que é fértil em Lampreias, sáveis, solha e irês?

José Miguel - Procurador:

- É conforme o ano, excelentíssimo. Às vezes há mais, outras vezes menos.

Nuno -  Fernão de Pina:

- Hum! Conforme o ano!

 E gado há muito, boa carne, portanto! Deve alimentar a cidade do Porto. A terra de Gondomar não fica no termo do Porto?

José Miguel - Procurador:- Fica a cerca de uma légua. Mas, por vezes, há cada peste no gado que quase ficamos sem nenhum.

Nuno -  Fernão de Pina:

- Pois, pois, mas têm boas terras para cultura e para vinha.

José Miguel - Procurador - Lá está, se o tempo andar de feição, não nos podemos queixar!

Nuno -  Fernão de Pina:

Quais são os frutos da terra que os moradores colhem?

José Miguel - Procurador

- Recolhem em maior quantidade centeio e vinho verde e em pouca quantidade, trigo,cevada, milho miúdo, painço, feijões, linho, hortaliças de navais e frutas  e muito menos azeite e castanha.

Nuno -  Fernão de Pina:

- Hum!....

 (Fernão de Pina pega numa folha e escreve, lendo) :

-“D. MANUEL pela graça de Deus, Rei de Portugal e dos Algarves  D´Áquem e d´Além mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista e navegação e comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e da Índia, a quantos esta nossa carta de foral dado ao Concelho de  Gondomar para sempre virem” (…)

 

 

 

Aluno com cartaz “ATO IV – CONCESSÃO DA CARTA DE FORAL- 8 de junho de 1517

Personagens: procurador; grupo de camponeses; 1º popular; 2º popular; 3º popular

O procurador chega a Gondomar e é recebido em festa).

 

https://www.youtube.com/watch?v=NhC2NA08M0A

Dancing a Tordion at Kentwell 1553 – tordião

 

José Miguel - Procurador

Bom povo Gondomarense, venho mesmo agora da ouvidoria de Rossamnonde, onde o ouvidor me entregou a nova Carta de Foral.  Esta vai ficar guardada na Câmara de Gondomar para poder ser sempre consultada e não haver dúvidas algumas.

Vou proceder à sua leitura: (Música solene ou tambor)

 

- “D. MANUEL pela graça de Deus, Rei de Portugal e dos Algarves  D´Áquem e d´Além mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista e navegação e comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e da Índia, a quantos esta nossa carta de foral dado ao Concelho de  Gondomar para sempre virem, fazemos saber que por bem das sentenças e determinações gerais e especiais que foram dadas e feitas por nós com os do nosso Conselho e letrados acerca dos forais de nossos Reinos e dos direitos reais e tributos que se deviam por eles arrecadar e pagar.”

 

(Novamente música solene

 

Gonçalo - Homem do povo:

- El rei dá-nos o Foral para termos que pagar? Vamos pagar ainda mais?

 

José Miguel – Procurador

 

Calma, homem, diz El –Rei:

“ E os ditos sobre ditos se receberão em celeiro dentro da dita terra de Gondomar sem os foreiros serem obrigados a levarem  os foros ao celeiro à sua custa, convem a saber: pão, vinho, carnes, de Santa Maria de Setembro até ao dia de Natal seguinte de cada ano “

 

Gonçalo - Homem do povo ( coçando a cabeça):

- Hum!

(O restante povo abana a cabeça em sinal de assentimento.)

 

José Miguel – Procurador

“ E declaramos que os ditos foreiros não serão obrigados a servir, nem servirão contra suas vontades aos senhores que tiverem os ditos direitos, com seus corpos, bois, carros, lenha, palha, nem com roupa, ou cousa alguma sua, visto que os tais serviços não pertencem aos senhorios das rendas que não têm jurisdição da mesma terra”

 

Grita o Povo:

- Muito bem! Viva El Rei D. Manuel !

 

José Miguel – Procurador

“É da Coroa Real o direito seguinte das pescarias do Douro, convém a saber: de cada tresmalho que entra a pescar sáveis pagará em cada ano uma só vez trezentos reais, contando dois sáveis que hão-de dar em cinquenta reais. Pagarão, também a dízima nova a El-Rei depois de paga primeiro outra dízima à igreja ou igrejas. E pague-se de cada rede de lampreias de condado por ano duas lampreias e em dinheiro cento e cinquenta reais.

E os que pescam em bargas nas arainhas pagam a dízima, primeiro a Deus, e depois o quinto real nesta terra o primeiro sável que matarem.

E assim solha ou ires.”

 

Pedro - Popular:

- Podia ser esperada mais brandura.

 

José Miguel – Procurador “E a pensão dos tabeliães é da cidade. (…) E o gado será do Senhorio dos outros direitos..

 

 

Pedro - Popular:

- Bem come o Vilão, se lho dão!

 

José Miguel – Procurador:

- E as fogaças que se levavam na dita terra se não levarão mais dos que casavam filhos ou filhas.”

 

Todos - Grita o Povo:

- Quanto menos se pagar melhor! Viva El Rei D. Manuel !

 

José Miguel – Procurador:

“Não há-de aí haver portagem de compra e venda alguma na terra, nem por conseguinte se fará mudança na passagem das barcas de como se ora usa.”

 

 

Todos - Grita o Povo:

- Muito bem! Viva El Rei D. Manuel.

 

José Miguel – Procurador:

“E não se pagarão lutuosa.”

 

Mariana - Popular:

- Já não era sem tempo! Morre o rendeiro e tínhamos que dar a melhor jóia ao Senhor!

 

Todos - Grita o Povo:

- Viva El Rei D. Manuel !

 

José Miguel – Procurador:

- “Os moradores da terra não pagarão montado na mesma terra e todos usarão irmãmente” (…)

 

Mariana - Popular:

- Hi, hi, hi, já posso levar o meu gado ao monte a fazet chichi! Se comer a ur ze toda, bem fazer nunca se perde!

 

Todos - Grita o povo:

- Isso mesmo! Viva El Rei D. Manuel .

 

José Miguel – Procurador:

“E qualquer pessoa que for contra este nosso foral levando mais direitos dos que aqui nomeados ou levando destes maiores quantias das aqui declaradas, havemo-lo por degradado por um ano, fora da vila e termo e mais pague de cadeia trinta reais por um de tudo o que assim mais levar”.

 

Mariana - Popular:

- Bem folga o lobo com o couce da ovelha!

 

Todos - Grita o povo:

- Viva El- Rei!

 

José Miguel – Procurador:

- El Rei D. Manuel não deixou de lembrar:

 “E mandamos que todas as coisas contidas neste foral que nós pomos por lei se cumpram para sempre do teor do qual mandamos fazer três, um deles para a Câmara da dita terra de Gondomar, e outra para o senhorio dos ditos direitos e outro para a nossa Torre do Tombo para em todo o tempo se poder tirar qualquer dúvida que sobre isso posa sobrevir.”

“Dada em Nossa Muito Nobre e Sempre Leal Cidade de Lisboa aos dezanove dias do mês de Junho do Ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de Mil Quinhentos e Quinze”.

 

1º Popular

Mariana - Viva El Rei, de mui alta majestade, que seja sempre são e forte, para no mundo mandar.

 

Beatriz - 2ºPopular

- Vivamos nós, os gondomarenses. Por ora temos por escrito em leitura nova os foros a pagar a El-rei e à Igreja. Nunca mais mais nenhum Senhor nos intimidará. Viva!

 

Diogo - 3º popular:

Bem está o que bem acaba

 

“Cousas que tem tanta graça

Tão doces para ouvir

(…)

Eu vejo bem como vou

E vós senhor como is”

 


 

ou

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