Narrador- Venham, venham saber como o rei nos quer dar um
novo foral.
Entrega do Foral – recriação
Concessão do foral de Gondomar – texto dramático
Aluno com cartaz:
“ATO I – palácio do Rei”
Personagens: narrador e rei
David - Narrador:
Decorria o ano de 1515, no reinado de
D. Manuel I, a quem a história apelidou de “O Venturoso”. Neste reinado, para
além do grande feito da descoberta do caminho marítimo para a Índia e a chegada
ao Brasil, D. Manuel governou Portugal de uma forma centralizadora e procedeu à
concessão de forais a várias localidades do reino de Portugal entre elas, à
nossa terra de Gondomar que está a comemorar os 500 anos da sua concessão.
José Pedro - Rei D. Manuel:
- Vendo nós, como o ofício do Rei não
é outra coisa senão reger bem e governar os seus súbditos em justiça e
igualdade, a qual não é somente dar a cada um o que seu for, e como sabemos que
têm havido vários males, que tolhem os nossos súbditos, por terem forais de há
muito tempo escritos em latim, e outros, em linguagem antiga, exigindo
pagamentos que não se devem fazer em moedas cujo valor já não se conhece,
querendo tudo isso remediar, ordeno que se façam novos, com linguagem nova e
clara, para todos as Cidades, Vilas e Lugares do nosso Reino.
Assim mandamos entregar todas as
escrituras e tombos pelos quais as nossas rendas se regem ao doutor Rui Boto,
do nosso conselho régio e nosso chanceler mor, ao doutor João Façanha do nosso
desembargo, e ao Cavaleiro Fernão de Pina, e ordenamos que venha até eles um procurador com os ditos
forais e inquirições que nos ditos lugares mandamos publicamente tirar, para
mais claramente podermos determinar o que for de direito.
Em caso de necessidade dos nossos
oficiais régios, os procuradores dos concelhos devem cuidar de dar pousada ao
digníssimo Cavaleiro, Fernão de Pina e trabalhar com ele de boamente.
Aluno com cartaz “ATO II – Em terras
de Gondomar”
Personagens: homem-bom; procurador;
homem do povo; outro homem do povo; parvo; grupo de camponeses (rapazes e
raparigas)
2º ato
David - Narrador :
Ora cá estamos em Gondomar onde todos
querem um Foral Novo.
Pedro Mota - Homem Bom:
- Homens foreiros do Concelho de
Gondomar estamos aqui reunidos para decidir o que o nosso procurador deve
mostrar ao doutor Rui Boto, chanceler mor, conselheiro d´El Rei D. Manuel, rei
de Portugal e dos Algarves D´Áquem e d´Além mar em África, Senhor da Guiné e da
Conquista e navegação e comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e da Índia e ao
doutor João Façanha do seu desembargo, bem como ao escrivão Cavaleiro da Casa
Feal, Fernão de Pina. Tenho na minha mão as inquirições mandadas tirar por el
–rei.
- José Miguel - Procurador:
- É bom que se tenha em atenção que os
impostos já não são pagos pela dita inquirição.
Tenho aqui um tombo e livro onde se
declara os impostos que se devem pagar e os que estão fora de uso. É este livro
que deve ser entregue ao oficial dos forais, Fernão de Pina que há-de tirar a
limpo o nosso Foral Novo.
Gonçalves - Homem do Povo:
- Pois então que tenha atenção ao que
escreve! Não tivemos problemas até aqui, não os queremos ter a partir de agora.
Esse quer é a tença de setenta mil reis em cada ano por tirar a limpo o nosso
foral!
Sandro - Outro Homem 2:
- “Havede má hora essa! Folgo de ver
o interesse d´el rei na nossa terra e nas outras todas. Quem bem trabalha, bem
deve ser pago!
Diogo - Homem do povo 3 :
- “Grandes bandos andam na corte”
Sandro - Homem do povo 2
- Que dissesteis?
Diogo - Homem do povo 3:
- “Furta-cebolas! Hiu! Hiu!
Excomungado nas igrejas!”
O povo junta-se para dançar
Naõ tragais borzeguis pretos
Aluno com cartaz: “ATO III – redação
da Carta de Foral”
Personagens: procurador; Fernão Pina;
Rei;
David - Narrador:
Ora cá estamos junto da Comissão dos
Forais. Fernão de Pina vai redigir o Foral Novo de Gondomar.Esperamos
que seja brando de impostos que muitos andam nesses mares e as mulheres por cá
viúvas e órfas de pai têm de arranjar substitutos para lhes sustentarem os
filhos.
(O procurador sai com um livro
encardernado e chega junto da comissão dos forais que os analisa).
Nuno - Fernão de Pina:
Gondomar tem um rio?
José Miguel - Procurador
-Saiba vossa excelência que tem três.
( Continua lendo)
Nuno -
Fernão de Pina:
- É o Douro que é fértil em
Lampreias, sáveis, solha e irês?
José Miguel - Procurador:
- É conforme o ano, excelentíssimo.
Às vezes há mais, outras vezes menos.
Nuno -
Fernão de Pina:
- Hum! Conforme o ano!
E gado há muito, boa carne, portanto! Deve
alimentar a cidade do Porto. A terra de Gondomar não fica no termo do Porto?
José Miguel - Procurador:- Fica a cerca de uma
légua. Mas, por vezes, há cada peste no gado que quase ficamos sem nenhum.
Nuno -
Fernão de Pina:
- Pois, pois, mas têm boas terras
para cultura e para vinha.
José Miguel - Procurador - Lá está, se o tempo
andar de feição, não nos podemos queixar!
Nuno -
Fernão de Pina:
Quais são os frutos da terra que os
moradores colhem?
José Miguel - Procurador
- Recolhem em maior quantidade centeio
e vinho verde e em pouca quantidade, trigo,cevada, milho miúdo, painço, feijões,
linho, hortaliças de navais e frutas e
muito menos azeite e castanha.
Nuno -
Fernão de Pina:
- Hum!....
(Fernão de Pina pega numa folha e escreve,
lendo) :
-“D. MANUEL pela graça de Deus, Rei
de Portugal e dos Algarves D´Áquem e
d´Além mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista e navegação e comércio da
Etiópia, Arábia, Pérsia e da Índia, a quantos esta nossa carta de foral dado ao
Concelho de Gondomar para sempre virem”
(…)
Aluno com cartaz “ATO IV – CONCESSÃO
DA CARTA DE FORAL- 8 de junho de 1517
Personagens: procurador; grupo de
camponeses; 1º popular; 2º popular; 3º popular
O procurador chega a Gondomar e é
recebido em festa).
https://www.youtube.com/watch?v=NhC2NA08M0A
Dancing a Tordion at Kentwell 1553 – tordião
José Miguel - Procurador
Bom povo Gondomarense, venho mesmo
agora da ouvidoria de Rossamnonde, onde o ouvidor me entregou a nova Carta de
Foral. Esta vai ficar guardada na Câmara
de Gondomar para poder ser sempre consultada e não haver dúvidas algumas.
Vou proceder à sua leitura: (Música
solene ou tambor)
- “D. MANUEL pela graça de Deus, Rei
de Portugal e dos Algarves D´Áquem e
d´Além mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista e navegação e comércio da
Etiópia, Arábia, Pérsia e da Índia, a quantos esta nossa carta de foral dado ao
Concelho de Gondomar para sempre virem,
fazemos saber que por bem das sentenças e determinações gerais e especiais que
foram dadas e feitas por nós com os do nosso Conselho e letrados acerca dos
forais de nossos Reinos e dos direitos reais e tributos que se deviam por eles
arrecadar e pagar.”
(Novamente música solene
Gonçalo - Homem do povo:
- El rei dá-nos o Foral para termos
que pagar? Vamos pagar ainda mais?
José Miguel – Procurador
Calma, homem, diz El –Rei:
“ E os ditos sobre ditos se receberão
em celeiro dentro da dita terra de Gondomar sem os foreiros serem obrigados a
levarem os foros ao celeiro à sua custa,
convem a saber: pão, vinho, carnes, de Santa Maria de Setembro até ao dia de
Natal seguinte de cada ano “
Gonçalo - Homem do povo ( coçando a cabeça):
- Hum!
(O restante povo abana a cabeça em
sinal de assentimento.)
José Miguel – Procurador
“ E declaramos que os ditos foreiros
não serão obrigados a servir, nem servirão contra suas vontades aos senhores
que tiverem os ditos direitos, com seus corpos, bois, carros, lenha, palha, nem
com roupa, ou cousa alguma sua, visto que os tais serviços não pertencem aos
senhorios das rendas que não têm jurisdição da mesma terra”
Grita o Povo:
- Muito bem! Viva El Rei D. Manuel !
José Miguel – Procurador
“É da Coroa Real o direito seguinte
das pescarias do Douro, convém a saber: de cada tresmalho que entra a pescar
sáveis pagará em cada ano uma só vez trezentos reais, contando dois sáveis que
hão-de dar em cinquenta reais. Pagarão, também a dízima nova a El-Rei depois de
paga primeiro outra dízima à igreja ou igrejas. E pague-se de cada rede de
lampreias de condado por ano duas lampreias e em dinheiro cento e cinquenta
reais.
E os que pescam em bargas nas
arainhas pagam a dízima, primeiro a Deus, e depois o quinto real nesta terra o
primeiro sável que matarem.
E assim solha ou ires.”
Pedro - Popular:
- Podia ser esperada mais brandura.
José Miguel – Procurador “E a pensão dos
tabeliães é da cidade. (…) E o gado será do Senhorio dos outros direitos..
Pedro - Popular:
- Bem come o Vilão, se lho dão!
José Miguel – Procurador:
- E as fogaças que se levavam na dita
terra se não levarão mais dos que casavam filhos ou filhas.”
Todos - Grita o Povo:
- Quanto menos se pagar melhor! Viva
El Rei D. Manuel !
José Miguel – Procurador:
“Não há-de aí haver portagem de
compra e venda alguma na terra, nem por conseguinte se fará mudança na passagem
das barcas de como se ora usa.”
Todos - Grita o Povo:
- Muito bem! Viva El Rei D. Manuel.
José Miguel – Procurador:
“E não se pagarão lutuosa.”
Mariana - Popular:
- Já não era sem tempo! Morre o
rendeiro e tínhamos que dar a melhor jóia ao Senhor!
Todos - Grita o Povo:
- Viva El Rei D. Manuel !
José Miguel – Procurador:
- “Os moradores da terra não pagarão
montado na mesma terra e todos usarão irmãmente” (…)
Mariana - Popular:
- Hi, hi, hi, já posso levar o meu
gado ao monte a fazet chichi! Se comer a ur ze toda, bem fazer nunca se perde!
Todos - Grita o povo:
- Isso mesmo! Viva El Rei D. Manuel .
José Miguel – Procurador:
“E qualquer pessoa que for contra este
nosso foral levando mais direitos dos que aqui nomeados ou levando destes
maiores quantias das aqui declaradas, havemo-lo por degradado por um ano, fora
da vila e termo e mais pague de cadeia trinta reais por um de tudo o que assim
mais levar”.
Mariana - Popular:
- Bem folga o lobo com o couce da
ovelha!
Todos - Grita o povo:
- Viva El- Rei!
José Miguel – Procurador:
- El Rei D. Manuel não deixou de
lembrar:
“E mandamos que todas as coisas contidas neste
foral que nós pomos por lei se cumpram para sempre do teor do qual mandamos
fazer três, um deles para a Câmara da dita terra de Gondomar, e outra para o
senhorio dos ditos direitos e outro para a nossa Torre do Tombo para em todo o
tempo se poder tirar qualquer dúvida que sobre isso posa sobrevir.”
“Dada em Nossa Muito Nobre e Sempre
Leal Cidade de Lisboa aos dezanove dias do mês de Junho do Ano do Nascimento de
Nosso Senhor Jesus Cristo de Mil Quinhentos e Quinze”.
1º Popular
Mariana - Viva El Rei, de mui alta majestade,
que seja sempre são e forte, para no mundo mandar.
Beatriz - 2ºPopular
- Vivamos nós, os gondomarenses. Por
ora temos por escrito em leitura nova os foros a pagar a El-rei e à Igreja.
Nunca mais mais nenhum Senhor nos intimidará. Viva!
Diogo - 3º popular:
Bem está o que bem acaba
“Cousas que tem tanta graça
Tão doces para ouvir
(…)
Eu vejo bem como vou
E vós senhor como is”
https://www.youtube.com/watch?v=Yv8yR12jWgs
– folia portuguesa
ou
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