quinta-feira, 10 de abril de 2025

Pégadas de Camilo Castelo Branco em Gondomar

 Camilo Castelo Branco e Gondomar

 

 

Camilo Castelo Branco, aos 16 anos, casou com Joaquina Pereira de França, então com 14 anos, “cachopa guapa”[1] a 18 de agosto de 1841, na Igreja de S. Salvador de Ribeira de Pena. Deste casamento nasceu Rosa Castelo Branco.

Joaquina que nasceu em 23 de novembro de 1826, no lugar do Taralhão, concelho de Gondomar,  vem a falecer em 25 de setembro de 1847, com 20 anos de idade, no lugar de Friume, Ribeira de Pena, sem nada de seu.

Camilo, depois do casamento, teria ido estudar para o Porto. A filha Rosa Castelo Branco, nascida a 25 de agosto de 1843, recolhida pelos avós, faleceu em 10 de março de 1848.

Entretanto, Camilo ter-se-ia enamorado de Maria do Adro e depois vivido com Pratrícia Emília do Carmo Barros, no Porto. Desta última relação nasceu, Bernardina Amélia.

Bernardina Amélia, sem que Camilo a perfilhasse, foi criada em Iscariz e mais tarde, apoiada financeiramente por Camilo, entra no Convento de Avé Maria, no Porto, entregue aos cuidados da freira, D. Isabel Cândida Vaz Mourão, com quem Camilo se tinha relacionado, nas tertúlias do Convento.

Em 28 de dezembro de 1865, Bernardina Amélia, com 17 anos, casa na Igreja de Valbom, com António Francisco de Carvalho Guimarães, de 42 anos de idade, proprietário da Quinta do Desembargador, em Valbom, que tinha herdado da mãe, D. Ana de Sousa Loureiro.Esta tinha sido proprietária de uma padaria na Rua da Esperança. De feição liberal, costumava  proteger os presos políticos da Cadeia da Relação. Um destes presos, Dr. Francisco Marques de Oliveira, viúvo, ao sair, casou com ela em segundas núpcias, deixando-lhe, depois, a Quinta  de Valbom. Camilo não esteve presente no casamento. Em carta ao seu amigo Visconde de Ouguela confessa a sua discordância face a este enlace, dada a diferença de idades dos noivos, e ao convívio que tivera com António Francisco de Carvalho, antes de este ter ido para o Brasil, o que o levara a conhecer as suas aventuras amorosas, nas quais foi gerado um filho: António Francisco de Carvalho Júnior. De torna viagem do Brasil, António de Carvalho, volta rico ao Porto, acompanhado de uma viúva de 26 anos.

António Carvalho nascido a 30 de maio de 1823, na freguesia de S. Pedro de Miragaia, era mais velho que Camilo que nascera a 16 de março de 1825. Possuía um estabelecimento em frente ao Convento de Avé Maria, no qual terá conhecido Bernardina Amélia. .

.A atitude de Camilo para com o casal é, mais tarde, reconsiderada. Dirá, ao Visconde de Ouguela, talvez, em 1874[2]



 : "felizmente a minha filha saiu uma criatura angelical, e o marido é um excêntrico que a tem levado a viajar".

Camilo visita a filha em Valbom e escreve-lhe inúmeras cartas. Refere-se extremosamente à neta Camila Cândida, “engraçada trigueirinha”.[3]


Na verdade. Bernardina Amélia e António Carvalho, tiveram dois filhos. Camila e Camilo. Camila viveu em Valbom, passando depois a viver numa casa, ao fundo da Rua da Restauração, para assegurar mais facilmente a sua instrução. É, aí que nasce o irmão Camilo, a 23 de janeiro de 1885, tendo como padrinhos do seu batismo a irmã Camila e o avô Camilo Castelo Branco.

Camila casou no Porto com o clínico da Misericórdia, Dr. Joaquim Urbano Cardoso e Silva.

Camilo Castelo Branco de Carvalho tornou-se negociante, no Porto.

Nas cartas, Camilo lamenta que a filha viva em Valbom, com “ares do campo”, onde se “pode comer pescada às dez da noute, e dormir ao som da orchesta dos mosquitos” (...) mas também se refere ao “feliz socêgo de Valbom”. Reconciliado, chega a exclamar: ”Ai! Valbom! Que delícias te sorriem à beira do teu tanque e nas copas regorgeadas daquele bosque de verdura doirada pelos fructos!” (...) “Respiro lá melhor.”

A quinta “dos Allens”, “do Carvalho” ou “do Desembargador” vem parar às mãos de um outro Desembargador, Dr. Paulo Figueiras, por casamento com D. Maria Júlia Taborda. Hoje pertence aos seus herdeiros.

 



 [1] Alberto Pimentel, a primeira mulher de Camilo, p. 20 e segs

[2] Teófilo Braga, Camilo Castelo Branco, Esboço Biográfico, p. 54, 55. Este nome é significativo e terá tocado Camilo. Camilo do avô e Cândida da freira que a educara. O genro tornar-se-á, até, um prestimoso conselheiro de Camilo.

[3] Teófilo Braga, Camilo Castelo Branco, Esboço Biográfico, p. 54, 55.


Bibliografia:

Paulo de Passos Figueiras, S. Veríssimo de Valbom, Subsídios para uma monografia, 1ª edição do Centro Social e Cultural da Paróquia de S. Veríssio de Valbom, Gonsomar, 1998.

Serafim Gesta ( Mazola), De Gondomar a 1.ª mulher de Camilo, ed. Do autor, 1981.

Camilo de Oliveira, Monografia de Gondomar, vol III, p. 87 a 98, imprensa moderna, lda, 1934

Maria Antónia Neves Nazaré de Oliveira, Os biógrafos de Camilo. FCSH, 2010
















Quinta do Desembargador: 07.04.2025
Foto Fátima Gomes




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