Camilo Castelo Branco e Gondomar
Camilo Castelo Branco, aos
16 anos, casou com Joaquina Pereira de França, então com 14 anos, “cachopa
guapa”[1] a 18 de agosto de 1841, na
Igreja de S. Salvador de Ribeira de Pena. Deste casamento nasceu Rosa Castelo Branco.
Joaquina que nasceu em 23 de
novembro de 1826, no lugar do Taralhão, concelho de Gondomar, vem a falecer em 25 de setembro de 1847, com
20 anos de idade, no lugar de Friume, Ribeira de Pena, sem nada de seu.
Camilo, depois do casamento, teria ido estudar para o Porto. A filha Rosa Castelo Branco, nascida a 25 de agosto de 1843, recolhida pelos avós, faleceu em 10 de março de 1848.
Entretanto, Camilo ter-se-ia
enamorado de Maria do Adro e depois vivido com Pratrícia Emília do Carmo
Barros, no Porto. Desta última relação nasceu, Bernardina Amélia.
Bernardina Amélia, sem que
Camilo a perfilhasse, foi criada em Iscariz e mais tarde, apoiada
financeiramente por Camilo, entra no Convento de Avé Maria, no Porto, entregue
aos cuidados da freira, D. Isabel Cândida Vaz Mourão, com quem Camilo se tinha
relacionado, nas tertúlias do Convento.
Em 28 de dezembro de 1865, Bernardina
Amélia, com 17 anos, casa na Igreja de Valbom, com António Francisco de
Carvalho Guimarães, de 42 anos de idade, proprietário da Quinta do
Desembargador, em Valbom, que tinha herdado da mãe, D. Ana de Sousa Loureiro.Esta
tinha sido proprietária de uma padaria na Rua da Esperança. De feição liberal,
costumava proteger os presos políticos
da Cadeia da Relação. Um destes presos, Dr. Francisco Marques de Oliveira,
viúvo, ao sair, casou com ela em segundas núpcias, deixando-lhe, depois, a
Quinta de Valbom. Camilo não esteve
presente no casamento. Em carta ao seu amigo Visconde de Ouguela confessa a sua
discordância face a este enlace, dada a diferença de idades dos noivos, e ao
convívio que tivera com António Francisco de Carvalho, antes de este ter ido
para o Brasil, o que o levara a conhecer as suas aventuras amorosas, nas quais
foi gerado um filho: António Francisco de Carvalho Júnior. De torna viagem do
Brasil, António de Carvalho, volta rico ao Porto, acompanhado de uma viúva de
26 anos.
António Carvalho nascido a
30 de maio de 1823, na freguesia de S. Pedro de Miragaia, era mais velho que
Camilo que nascera a 16 de março de 1825. Possuía um estabelecimento em frente
ao Convento de Avé Maria, no qual terá conhecido Bernardina Amélia. .
.A atitude de Camilo para com o casal é, mais tarde, reconsiderada. Dirá, ao Visconde de Ouguela, talvez, em 1874[2]
: "felizmente a minha filha saiu uma criatura angelical, e o
marido é um excêntrico que a tem levado a viajar".
Camilo visita a filha em Valbom e escreve-lhe inúmeras cartas. Refere-se extremosamente à neta Camila Cândida, “engraçada trigueirinha”.[3]
Na verdade. Bernardina
Amélia e António Carvalho, tiveram dois filhos. Camila e Camilo. Camila viveu
em Valbom, passando depois a viver numa casa, ao fundo da Rua da Restauração,
para assegurar mais facilmente a sua instrução. É, aí que nasce o irmão Camilo,
a 23 de janeiro de 1885, tendo como padrinhos do seu batismo a irmã Camila e o
avô Camilo Castelo Branco.
Camila casou no Porto com o
clínico da Misericórdia, Dr. Joaquim Urbano Cardoso e Silva.
Camilo Castelo Branco de
Carvalho tornou-se negociante, no Porto.
Nas cartas, Camilo lamenta
que a filha viva em Valbom, com “ares do campo”, onde se “pode comer pescada às
dez da noute, e dormir ao som da orchesta dos mosquitos” (...) mas também se
refere ao “feliz socêgo de Valbom”. Reconciliado, chega a exclamar: ”Ai!
Valbom! Que delícias te sorriem à beira do teu tanque e nas copas regorgeadas
daquele bosque de verdura doirada pelos fructos!” (...) “Respiro lá melhor.”
A quinta “dos Allens”, “do
Carvalho” ou “do Desembargador” vem parar às mãos de um outro Desembargador,
Dr. Paulo Figueiras, por casamento com D. Maria Júlia Taborda. Hoje pertence
aos seus herdeiros.
[1] Alberto Pimentel, a primeira mulher de Camilo, p. 20 e segs
[2] Teófilo Braga, Camilo Castelo Branco, Esboço Biográfico, p. 54, 55. Este nome é significativo e terá tocado Camilo. Camilo do avô e Cândida da freira que a educara. O genro tornar-se-á, até, um prestimoso conselheiro de Camilo.
[3] Teófilo Braga, Camilo Castelo Branco, Esboço Biográfico, p. 54, 55.
Bibliografia:
Paulo de Passos Figueiras,
S. Veríssimo de Valbom, Subsídios para uma monografia, 1ª edição do Centro
Social e Cultural da Paróquia de S. Veríssio de Valbom, Gonsomar, 1998.
Serafim Gesta ( Mazola), De
Gondomar a 1.ª mulher de Camilo, ed. Do autor, 1981.
Camilo de Oliveira,
Monografia de Gondomar, vol III, p. 87 a 98, imprensa moderna, lda, 1934
Maria Antónia Neves Nazaré
de Oliveira, Os biógrafos de Camilo. FCSH, 2010
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