terça-feira, 31 de março de 2020

Gondomar em verso: Em tempos que já lá vão



Em tempos que já lá vão




Gondomar à beira rio
Era um vale encantado
Por homens e animais
Um tesouro considerado.




No rio pescavam sável
E ainda muita lampreia
A remar um barco hábil
Faziam ouro da areia.









Nos montes pastava o gado
Que de erva se alimentava
As peles e carnes tenras
A toda a gente animava.






Assim, esta terra linda
Pelos Romanos foi cobiçada
À procura do seu ouro
Tornaram-na esburacada.
                           

Como tinham que comer
Ensinaram a cultivar o chão
Para moer o louro trigo
Inventaram mós de mão.




Mas também os Visigodos
Aqui vieram parar
E é do seu rei  Gundemaro
Que vem o nome Gondomar



Depois chegaram os Árabes
Ferozes e de armas nos dentes
Também queriam os tesouros
E matar a fome às suas gentes.





Então houve uma batalha
Tão sangrenta e desmedida
Que o rio límpido e belo
Ficou tinto e sem vida.



Conta-se que nessa batalha
Uma princesa cristã
Procurando o irmão ferido
Encontrou uma alma irmã.






Era um árabe que gemia
E dele se apaixonou
O padre que a seguia 
De Fernando o nomeou.





E então os namorados
Para viver o seu amor
Na serra se esconderam
Para à vida dar mais cor.

Ora, um dia, as saudades
De seu pai e seu irmão
Fizeram a princesa sair
Ao encontro de perdão.

Mas Fernando com ciúme
Só pensando em traição
Apunhalou o cunhado
Sem  na cegueira ter mão.

Esta longa e triste história
Ficou patente na Estação
Sempre que lá formos
Atentemos na representação.




Como a gente de Gondomar
Era trabalhadora e paciente
O rei D. Manuel deu-lhe
Uma Carta inteligente






De Foral assim chamada
Nela estavam traçados
Os direitos e os deveres
Que deviam ser respeitados.


E ai de quem não cumprisse
O que o rei ordenava
Era chamado à justiça
Prisão e multa apanhava.







Corajosos e aventureiros
Os  gondomarenses partiram
À procura de tesouros.
Muitas bandeiras serviram




E ainda, longe no tempo
Os Franceses nos invadiram
Queriam roubar riquezas
Os de cá os impediram.



Gondomar de novo em guerra
Por sangue irmão é tingido
D. Pedro luta pela liberdade
Contra D. Miguel temido.


A zanga foi tão grande
 E a batalha feroz
Que ainda falam dela
Nossos pais e avós


Mas o Povo de Gondomar
Com tão longa e rica história
Aprendeu a trabalhar o ouro
A agricultura ontem e agora.




Com  ricas árvores no mato
Fez também marcenaria
No rio Douro a pescar
Tirou quantos peixes queria.



E, depois do 25 de Abril
Em que conquistou liberdade
Luta, ainda, contra a injustiça
Pelo bem estar na cidade


 Maria de Fátima Isidro Gomes



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