domingo, 22 de março de 2015

AS WEBQUESTS COMO ESTRATÉGIAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM

As WebQuests Como  Estratégia de Ensino-Aprendizagem
© António Álvaro Martins
11 de Abril de 2008

1 - O Que são WebQuests?

WebQuests (WQ) são actividades contextualizadas e motivadoras, disponibilizadas na WEB, propostas por professores para serem resolvidas colaborativamente pelos alunos. WebQuests (WQ) são actividades contextualizadas e motivadoras, disponibilizadas na WEB,


2 - Quando Surgiram?

As WQ surgiram em 1995 no âmbito das actividades da disciplina "EDTC 596 – Interdisciplinary
Teaching With Technology" e são um conceito criado por Bernard Dodge e Tom March.

Foram concebidas tendo como objectivo levar os professores a criar recursos educativos recorrendo
à tecnologia e a tirar partido da informação existente on-line.

As WebQuests têm sofrido uma evolução que se reflecte sobretudo em dois aspectos,
nomeadamente: na nomenclatura das suas componentes e nas orientações sobre como conceber
e avaliar a tarefa e como estruturar o processo.

3 – A implementação da WebQuest

A WebQuest tem vindo a ser integrada na formação inicial e contínua, o que constitui uma mais valia na formação de um professor, dado implicar, para além de dominar determinado assunto ou temática, a combinação de três vertentes:

a) pesquisa de recursos:
a pesquisa on-line, que tem também subjacente a avaliação e selecção da informação;
b) repensar a aprendizagem como construção e como pensamento de nível elevado:
perspectivar a aprendizagem como um desafio – a tarefa - que implica a capacidade de análise e síntese, de colaboração entre os elementos do grupo, de gestão da aprendizagem, de tomada de decisão e de criatividade na solução a apresentar;
c) utilizar a tecnologia:
a WebQuest, depois de estruturada, tem que ser implementada e disponibilizada on-line. Durante a fase de implementação é necessário que sejam respeitados os princípios de usabilidade, de forma a que o produto final seja agradável para os seus destinatários e fácil de navegar.

4 – As componentes de uma WebQuest

Actualmente uma WQ é composta por 5 partes:
            I  - Introdução.
            II  - Tarefas.
            III - Processo (que inclui os Recursos ou Fontes).
            IV - Avaliação.
            V - Conclusão.

4 – As componentes de uma WebQuest
A Introdução

A introdução cria o ambiente e contextualiza a temática.
Deve ser motivadora (temática e cognitiva) e desafiante para os alunos, aguçando-lhes a curiosidade...

A Tarefa

A tarefa deve ser executável e interessante. Consiste na explicação aos alunos, de forma detalhada, da(s) tarefa(s) a realizar e deve indicar o que os alunos vão apresentar como produto ou desempenho final.
Dodge propõe 12 tipos possíveis, mas não exclusivos, de tarefas a desenvolver.
É muito importante ter em atenção o nível cognitivo da tarefa: a sua exigência, o grau de dificuldade.
A formulação da tarefa é a essência da WebQuest. As etapas para a conseguir são apresentadas no processo.
4 – As componentes de uma WebQuest (Cont.)

O Processo

O processo deve apresentar claramente as etapas a seguir, as fontes a consultar e as ferramentas para organizar a informação. Devem ser dadas aos alunos orientações claras e pormenorizadas para a realização das tarefas.  
Estes têm que perceber muito bem o que vão realizar.
A integração dos recursos no processo facilita o trabalho a ser desenvolvido pelo aluno, dado que este não precisa de ir para outra página consultá-los. Os recursos devem estar disponíveis na Web e é muito importante ter em conta a sua qualidade e quantidade, para evitar desperdício de tempo e  desvio de interesse por parte dos alunos.

A Avaliação

A avaliação deve explicar aos alunos de que modo a avaliação será efectuada (os indicadores qualitativos e quantitativos) e especificar bem os critérios para o desempenho e para o conteúdo (produto final).
É igualmente importante especificar se há uma avaliação para o grupo e/ou outra individual.

4 – As componentes de uma WebQuest (Cont.)

A Conclusão

A conclusão resume o que os alunos alcançaram ou aprenderam e deve também colocar algumas questões retóricas ou encorajá-los para outras temáticas, destacando as vantagens da realização do trabalho.

Também se poderão deixar indicações para novas pesquisas, colocar uma pergunta, um problema por resolver, envolver os Enc. de Educação, etc...

5 – Duração de uma WebQuest

A duração de uma WQ deve ter em conta:
- A complexidade do trabalho a realizar.
- A faixa etária dos alunos.


Basicamente divide-se em dois tipos de duração:
- Curta Duração (entre uma a três aulas e centra-se na aquisição e integração do conhecimento).
- Longa Duração (entre uma semana a um mês e tem por objectivo alargar e refinar o conhecimento).


Conselho:
- Começar por realizar WQ de curta duração e depois evoluir para as de longa duração.

6 – Avaliação/Aferição das WebQuests

A avaliação da WQ é qualitativa e quantitativa e abrange as seguintes categorias:
            - A estética geral.    
            - Introdução.
            - Tarefa.      
            - Processo
            - Recursos
            - Avaliação.
Cada uma das categorias contém ainda itens próprios que permitem concretizar melhor a avaliação.

Cada categoria é sempre avaliada em 3 momentos:
            - Fase inicial do processo.
            - Em desenvolvimento.
            - WQ terminada.

Todo este processo está organizado em grelha síntese e antes da WQ ser disponibilizada aos alunos, deve ser previamente avaliada.

7 – Exemplo de uma WebQuest













11 – Opinião dos alunos

No final da WQ “À Descoberta do 25 de Abril” os alunos foram submetidos a um questionário que pretendia saber a sua opinião sobre este tipo de instrumento nas práticas lectivas.

A análise dos dados desse questionário de opinião aponta para resultados que revelam que os alunos ficaram satisfeitos com:
-  a aplicação da WQ;

 compreenderam bem as Tarefas, o Processo, a Avaliação e a Navegação;

 também consideraram que o número de sessões e sites disponibilizados foi o suficiente para a aplicação da WQ;

 gostaram da aprendizagem através da WQ;

 preferem aulas com WQ às aulas normais;

 gostariam que as aulas das outras disciplinas também fizessem uso das WQ.




 


 


 


14 – A WebQuest na Formação
A formação inicial e contínua de professores tem um papel preponderante na introdução de novos conteúdos e na sensibilização para novas abordagens a serem integradas nas aulas e consideradas na investigação.

A construção da WebQuest torna-se útil na formação inicial e contínua de professores, por tudo o que a sua construção implica.

Por outro lado, ajuda os futuros professores e professores a repensar a aprendizagem e os princípios pedagógicos a implementar para orientar os destinatários pelas diferentes etapas até à solução da tarefa.

Além disso, a WebQuest também é exigente sobre a descrição da avaliação a ser realizada, devendo ser explicitados os parâmetros a considerar no desempenho individual e/ou do grupo e no produto final.

Por fim, é necessário algum conhecimento na área da tecnologia para implementar e disponibilizar a WebQuest on-line.

14 – A WebQuest na Formação (Cont.)

No nosso país a WebQuest é abordada em muitos dos estabelecimentos do Ensino Superior, dos Centros de Competência e dos Centros de Formação, surgindo integrada na formação inicial e contínua.
A WebQuest não é uma solução para todos os problemas de ensino, mas pode ser facilitadora da mudança, dado que coloca os professores, como referem Costa e Carvalho (2006: 23):

“perante desafios decorrentes sobretudo da necessidade de exploração do potencial pedagógico da Internet, lhes permite usar novos recursos e equacionar novas formas de trabalho, com o que isso pode implicar em termos de questionamento e reestruturação das suas concepções e práticas educativas actuais”.

Nunca é demais recordar que o grande segredo da WebQuest depende da temática, da tarefa e da orientação no processo.
A tarefa deve envolver os alunos em questões complexas que os obriguem a ir para além da informação disponibilizada. Só, deste modo, teremos verdadeiras WebQuests que fomentem o pensamento crítico e o pensamento de nível avançado.

15 – Referências

Carvalho, A. A. (2002b). WebQuest: um Desafio para Professores e para Alunos. Elo, 10, 142-150.

Carvalho, A. A. (2003). WebQuest: um desafio para professores. In Albano Estrela & Júlia Ferreira
(orgs), XII Colóquio da AFIRSE/AIPELF: A Formação de Professores à Luz da Investigação. Lisboa:
AFIRSE, vol. II, 732-740.

Carvalho, A. A. (2005). WebQuests na formação inicial e contínua de professores. José Carlos
Morgado & Mª Palmira Alves (orgs). Actas do Colóquio sobre Formação de professores: Mudanças
educativas e curriculares… e os Educadores/Professores. Braga: CIED, Universidade do Minho, 93-113.

Costa, F. & Carvalho, A. A. (2006). WebQuests: Oportunidades para Professores e Alunos. In A. A.
Carvalho (org), Encontro sobre WebQuest. Braga: CiEd, Universidade do Minho, 8-25

Dodge, B. (1995). Some Thoughts about WebQuests.


Dodge, B. (1997). Building Blocks of a WebQuest (1ª versão) Disponível em
 http://web.archive.org/web/20000817065629/edweb.sdsu.edu/people/bdodge/
webquest/buildingblocks.html

Dodge, B. (1999b). Process Checklist. Disponível em

Dodge, B. (1999b). Fine Points Checklist. Disponível em


As WebQuests Como Estratégia de Ensino-Aprendizagem
© António Álvaro Martins
11 de Abril de 2008



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