domingo, 22 de março de 2015

FORAL DE GONDOMAR CONTADO ÀS CRIANÇAS

Era uma vez um rei todo poderoso que tinha terras em quase todos os cantos do mundo mas preocupava-se muito por ter o reino onde morava muito bem governado e fazer saber a todos que ele é que era o rei e ninguém podia mandar mais do que ele. Também gostava muito dos habitantes do reino onde morava e queria que eles se sentissem bem.
Desta maneira, chamou um seu secretário e pô-lo a escrever cartas para todas as terras do seu país: queria saber que terras eram mesmo suas e se lhe tinham tirado algumas. Depois de se ter informado sobre tudo, resolveu escrever uma carta para cada povoação, a Carta de Foral que informava os seus habitantes dos seus direitos e dos seus deveres.
 Este rei também mandou uma carta a Gondomar que dizia que os gondomarenses deviam pagar ao rei, de Santa Maria de setembro até ao Natal vários produtos, como: pão, vinho, carnes.
 Se não pagassem o que o rei queria, o rei obrigava as pessoas a pagarem, mais tarde, maior quantidade de produtos, por isso era melhor pagar dentro do prazo.
Mas como o rei era justo mas bondoso tirou alguns deveres aos moradores de Gondomar, por exemplo, declarou que eles não tinham que ir trabalhar com os seus carros de bois e outras coisas suas para os palácios dos outros senhores, como era costume até ali. Os gondomarenses ficaram muito contentes com isso.
Como Gondomar é banhado a sul pelo rio Douro, o rei não esqueceu que havia senhores que ficavam com muito do peixe que os gondomarenses pescavam e então resolveu declarar que os pescadores só deveriam pagar impostos do que pescavam a si e à Igreja de cada lugar. Assim, os pescadores de Gondomar passaram a pagar ao rei uma parte dos sáveis, das lampreias, das solhas e ires (espécie de enguia) que pescavam. Também pagavam impostos sobre o gado que criavam.
O rei também mandou que não pagassem nenhuma fogaça, como era costume, aquando dos casamentos, mas os gondomarenses gostavam tanto deste costume que continuaram a dar não fogaças, mas regueifas quando casavam os filhos para convidarem as pessoas para o casamento.
O rei também mandou que os gondomarenses não teriam que pagar nada quando mudavam de barca para irem de uma terra para outra, como por exemplo, de Valbom para Jovim, ou de Jovim para Foz do Sousa. Isto deixou os gondomarenses muito felizes. E mais felizes ficaram quando souberam que o rei os deixava levar o seu gado pastar no monte sem terem que pagar nada.
Como já vos disse, o rei D. Manuel era muito justo e então determinou que se os seus servidores levassem mais dinheiro do que o que ele tinha mandado escrever nesta carta que se chama de Foral, devia pagar uma multa muito grande e seria mandado para fora de Gondomar, por um ano.
Para que tudo se cumprir sem problemas, mandou fazer três cópias das cartas, uma ficou na Câmara de Gondomar, outra na Torre do Tombo, junto do rei, para que, em qualquer altura, quem tivesse alguma dúvida poder ler melhor o que estava escrito na carta e nunca errar.
Esta carta foi escrita há muito tempo, no ano de 1515, ainda nem o vosso bi- avô era vivo, mas como depois dela, os gondomarenses passaram a não ter dúvidas sobre como comportar-se para com o rei e a igreja, foi muito importante. A partir daí, nenhum grande Senhor pode mandar da maneira que queria nos gondomarenses, já que estava tudo escrito pelo rei de forma a deixar os gondomarenses mais felizes e livres.


Vitória, vitória, acabou a história.

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