Era
uma vez um rei todo poderoso que tinha terras em quase todos os cantos do mundo
mas preocupava-se muito por ter o reino onde morava muito bem governado e fazer
saber a todos que ele é que era o rei e ninguém podia mandar mais do que ele.
Também gostava muito dos habitantes do reino onde morava e queria que eles se
sentissem bem.
Desta
maneira, chamou um seu secretário e pô-lo a escrever cartas para todas as
terras do seu país: queria saber que terras eram mesmo suas e se lhe tinham
tirado algumas. Depois de se ter informado sobre tudo, resolveu escrever uma
carta para cada povoação, a Carta de Foral que informava os seus habitantes dos
seus direitos e dos seus deveres.
Este rei também mandou uma carta a Gondomar
que dizia que os gondomarenses deviam pagar ao rei, de Santa Maria de setembro
até ao Natal vários produtos, como: pão, vinho, carnes.
Se não pagassem o que o rei queria, o rei
obrigava as pessoas a pagarem, mais tarde, maior quantidade de produtos, por
isso era melhor pagar dentro do prazo.
Mas
como o rei era justo mas bondoso tirou alguns deveres aos moradores de
Gondomar, por exemplo, declarou que eles não tinham que ir trabalhar com os
seus carros de bois e outras coisas suas para os palácios dos outros senhores,
como era costume até ali. Os gondomarenses ficaram muito contentes com isso.
Como
Gondomar é banhado a sul pelo rio Douro, o rei não esqueceu que havia senhores
que ficavam com muito do peixe que os gondomarenses pescavam e então resolveu
declarar que os pescadores só deveriam pagar impostos do que pescavam a si e à
Igreja de cada lugar. Assim, os pescadores de Gondomar passaram a pagar ao rei
uma parte dos sáveis, das lampreias, das solhas e ires (espécie de enguia) que
pescavam. Também pagavam impostos sobre o gado que criavam.
O
rei também mandou que não pagassem nenhuma fogaça, como era costume, aquando
dos casamentos, mas os gondomarenses gostavam tanto deste costume que
continuaram a dar não fogaças, mas regueifas quando casavam os filhos para
convidarem as pessoas para o casamento.
O
rei também mandou que os gondomarenses não teriam que pagar nada quando mudavam
de barca para irem de uma terra para outra, como por exemplo, de Valbom para
Jovim, ou de Jovim para Foz do Sousa. Isto deixou os gondomarenses muito
felizes. E mais felizes ficaram quando souberam que o rei os deixava levar o
seu gado pastar no monte sem terem que pagar nada.
Como
já vos disse, o rei D. Manuel era muito justo e então determinou que se os seus
servidores levassem mais dinheiro do que o que ele tinha mandado escrever nesta
carta que se chama de Foral, devia pagar uma multa muito grande e seria mandado
para fora de Gondomar, por um ano.
Para
que tudo se cumprir sem problemas, mandou fazer três cópias das cartas, uma
ficou na Câmara de Gondomar, outra na Torre do Tombo, junto do rei, para que,
em qualquer altura, quem tivesse alguma dúvida poder ler melhor o que estava
escrito na carta e nunca errar.
Esta
carta foi escrita há muito tempo, no ano de 1515, ainda nem o vosso bi- avô era
vivo, mas como depois dela, os gondomarenses passaram a não ter dúvidas sobre
como comportar-se para com o rei e a igreja, foi muito importante. A partir
daí, nenhum grande Senhor pode mandar da maneira que queria nos gondomarenses,
já que estava tudo escrito pelo rei de forma a deixar os gondomarenses mais
felizes e livres.
Vitória,
vitória, acabou a história.
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